Enquanto a população em geral recebe 33,3% da remuneração como adicional de férias, porcentagem prevista em lei, a Petrobras paga 100% do salário como extra aos seus funcionários. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (21/1) por meio de um relatório do Ministério da Economia, que aponta os benefícios concedidos pelas estatais aos seus colaboradores.
Na radiografia liberada pela pasta, a petroleira ainda aparece como a que mais acumula benefícios, juntamente ao BNDES.
Também impressionam os gastos com a assistência de saúde. Enquanto o governo tentou restringir as coberturas de convênios por meio de resolução no ano passado, o que foi vetado pelo Congresso, a Petrobras seguiu na via contrária e gastou R$ 2,07 bilhões, com um benefício mensal por titular de R$ 1.531,79.
Há também o caso de um funcionário que, mesmo sem ter cargo de diretor, recebe salário mensal de R$ 145.184. O alto valor decorre de benefícios acumulados nos vencimentos ao longo dos anos, obtidos, geralmente, via decisão judicial.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, aposta nas privatizações de empresas públicas como uma das principais soluções para conter a crise fiscal no país, agravada pela pandemia da Covid-19. Analistas apontam que esse é o motivo para a divulgação do documento.
Privatização da Petrobras
No ano passado, Paulo Guedes afirmou que o governo está discutindo a privatização da Petrobras. Em evento para apresentar o Programa Nacional de Crescimento Verde, o ministro registrou o impacto positivo gerado na bolsa de valores por comentário do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em apoio ao assunto, e disse que o investimento arrecadado com a venda poderia subsidiar programas sociais.
“E se daqui a 20 anos o mundo todo migrar para a energia elétrica, hidrogênio, nêutron, energia nuclear e o fóssil for abandonado? A Petrobras vai valer zero daqui a 30 anos. O que nós fizemos? Deixamos o petróleo lá embaixo, com uma placa de monopólio de estatal ali em cima. O objetivo é tirar esse petróleo o mais rápido possível e transformar em educação, investimento e tecnologia”, disse.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) também já manifestou vontade de vender a estatal. O mercado financeiro reagiu positivamente às declarações.