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Pesquisa: 44% das empresárias negras têm capital só para um mês

Levantamento aponta que maioria não tem reserva financeira. Para especialista, elas estão no limite dos recursos

atualizado

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Arquivo pessoal
Maria das Graças Santos, dona de um salão de beleza
1 de 1 Maria das Graças Santos, dona de um salão de beleza - Foto: Arquivo pessoal

O empreendedorismo negro e feminino no Brasil tem sofrido um impacto superior à média em meio à pandemia do novo coronavírus. Cerca de 44% das empreendedoras negras têm capital de giro para manter a continuidade da empresa por apenas um mês.

Outras 34% das mulheres não souberam informar quanto tempo vai durar esse capital e, assim, não fecharem as portas do comércio.

Os números fazem parte de pesquisa realizada pelo Instituto Identidades do Brasil, Comunidade Empodera, EmpregueAfro e Faculdade Zumbi dos Palmares.

Veja os dados:

  • Um mês: 44%
  • Dois meses: 10,3%
  • Três meses: 5,1%
  • Quatro a seis meses: 4%
  • Não sei informar: 33,7%

Em termos de comparação, uma outra pesquisa, do instituto Datafolha, que apresenta a opinião dos brasileiros de uma maneira geral – ou seja, sem nenhum recorte –, apontou que 40% das pessoas teriam dinheiro suficiente para se sustentar por no máximo um mês.

“No limite”

O levantamento do Instituto Identidades do Brasil ouviu a opinião de 243 mulheres negras entre os dias 31 de março e 2 de abril, período em que governadores começaram a decretar a quarentena em nível estadual.

Considerando a data da pesquisa e que 44% das empresárias disseram não ter capital de giro suficiente para um mês, o coordenador da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, Raphael Vicente, diz que essas mulheres atualmente estão no limite.

“A previsão era de um suporte de caixa de 30 dias. Então, certamente, boa parte delas já está no limite dos seus recursos”, aponta o coordenador.

Futuro incerto

Maria das Graças Santos, 67 anos, é dona de um salão especializado em cabelo crespo, em Brasília (DF). A dúvida que paira todos os dias na cabeça da empresária, desde o começo da quarentena, é sobre o que vai acontecer daqui para frente.

Isso porque o comércio dela completou nessa segunda-feira (20/04) um mês parado. Não chega nem sai cliente. O movimento em relação ao capital, contudo, é diferente: as contas bateram à porta, mas não o dinheiro.

“Estou desde 20 de março com contas para pagar, procurando negociar aluguel e fazer com que nossas funcionárias fiquem calmas. Não está entrando nada”, comenta.

Batizado de Afro Nzinga Cabelo e Arte, o salão dela é uma microempresa e ainda não recebeu ajuda financeira do governo distrital nem federal. A empresária se preocupa com a situação, pois não tem reserva.

Graça não é exceção. De acordo com o levantamento, oito em cada dez (79,4%) empreendedoras negras disseram que não têm reserva financeira, o que eleva a preocupação diante da atual crise econômica.

“Para elas, essa é uma preocupação latente nas próximas semanas”, avalia Raphael Vicente.

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