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Para Fazenda, reajuste de servidor é desafio diante de rigidez fiscal

Secretária executiva do ministério pediu ao Congresso “prudência” e “parcimônia” com as “pautas-bomba”

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Valter Campanato/Agência Brasil
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1 de 1 1028080-28-06-2016vac_2529 - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

As diversas medidas que estão em tramitação no Congresso e que representam aumento de despesa pública, as chamadas pautas-bomba, devem ser olhadas com “prudência” e “parcimônia” na avaliação da secretária executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi. Em entrevista à Rádio CBN nesta manhã de quarta-feira (18/7), ela lembrou que há instrumentos muito sólidos para lidar com essa discussão de aumento de despesas, com respaldo na Constituição e na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

“Temos cada vez mais consolidado um entendimento sobre o que chamamos de cumprimento de compensações, quando se abre mão de receitas ou aumenta incentivos fiscais e reduz espaço da tributação. A Lei de Responsabilidade Fiscal é muito clara sobre isso, e mais recentemente recebemos manifestação do Tribunal de Contas da União solicitando manifestação nossa sobre como são feitas as compensações”, pontuou Vescovi.

Ana Paula lembrou que a LRF prevê três formas de compensação de perdas de receita: criar novo imposto, aumentar base tributária ou aumentar alíquota de um imposto. “Isso é o que a LRF entende como compensação”, afirmou. Para a secretária executiva, é preciso regulamentar o processo de compensação e as medidas aprovadas que geram aumento de despesa só poderão começar a valer quando forem encontrados esses mecanismos de compensação, devidamente aprovados pelo Congresso. “Não há mais automatismo na implantação de medidas que impliquem aumento de despesas e incentivos fiscais.”

Segundo a secretária, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) consolida algumas vantagens que vêm da regra do Teto de Gastos. “Estão claros os limites das despesas e as despesas só podem crescer junto com a inflação, que é a variação do IPCA, e todo o Orçamento está construído dessa forma”, disse. Ela lembrou dos anexos da lei orçamentária considerados transparentes em relação aos riscos fiscais e às medidas para assegurar o cumprimento dessa limitação.

Questionada sobre a possibilidade de reajuste salarial dos servidores públicos no próximo ano, Ana Paula reconheceu que esse é um tipo de despesa obrigatória e que, se concedido, aumenta a rigidez orçamentária. “Então esse é um desafio que precisamos empreender inclusive para viabilizar o ajuste fiscal”, disse.

Vescovi tem observado em conversas com os diversos economistas de presidenciáveis muita preocupação com a responsabilidade fiscal, com o ajuste fiscal. Para ela, a LDO está trazendo muitos elementos importantes para garantir condições de cumprimento de todas as metas em 2019.

Populismo eleitoral
Ao responder a uma pergunta sobre o chamado “populismo eleitoral” no Congresso, uma referência às várias matérias de aumento de gastos aprovadas pelos parlamentares, e sobre por onde devem passar as prioridades do governo, Ana Paula destacou: “A hora é de fazermos a discussão do uso eficiente e efetivo dos recursos públicos e do tamanho da obrigatoriedade que hoje passa pelo Orçamento”.

“Precisamos ter discussão mais clara sobre prioridades, sobre escolhas públicas. Porque com essa rigidez orçamentária não temos espaço para fazer ajuste das contas públicas e temos de empreender escolhas que, às vezes, são muito severas. Então, se tivermos mais ainda aumento de despesas obrigatórias, provavelmente programas sociais precisarão ser revistos, teremos ainda menos investimentos”, reforçou.

Ajuste fiscal
Sobre a dificuldade de implementar ajuste fiscal em ano eleitoral, a secretária não foi direta, mas falou da importância da confiança como elemento central para o crescimento no longo prazo. “Essa confiança precisa ser restabelecida e acho que há consensos que podem ser estabelecidos durante esse período na busca da confiança. Primeiro consenso é que precisamos fortalecer nossa democracia e Estado de Direito e o brasileiro não aceita mais viver fora desse regime. Em segundo lugar, estabilidade monetária, uma moeda forte, a convivência com inflação baixa e isso pressupõe fortalecimento de metas de inflação. E o terceiro componente são contas públicas equilibradas”.

Ana Paula destacou ainda que o país precisa acelerar o processo de consolidação fiscal e defendeu a reforma da Previdência. “A reforma da Previdência é absolutamente emergencial. É a primeira que precisamos alcançar. E tenho visto esse debate nas menções de vários candidatos à Presidência. É expectativa bem viável de que, terminado esse debate de campanha – transição de alto nível –, se traga de volta à pauta do Congresso a reforma da Previdência. É grande prioridade para o país, dados são claros. Estamos completamente fora dos padrões de financiabilidade do nosso futuro e isso retira possibilidade dos nossos jovens. Precisamos equilibrar essa conta.”

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