Mercado pode ser impactado por mudanças no governo, dizem economistas
Saída de Ernesto Araújo já era esperada, mas o seu substituto pode afetar diretamente na alta de indicadores econômicos, como o dólar
atualizado
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Diante das mudanças ministeriais efetivadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta segunda-feira (29/3), com seis trocas no primeiro escalão do governo, o mercado manteve-se calmo, mas tudo pode mudar nos próximos dias. De acordo com economistas, a saída do chanceler Ernesto Araújo das Relações Exteriores já era mais que esperada. No entanto, o seu substituto, embaixador Carlos Alberto Franco França, pode impactar diretamente no mercado financeiro.
A Bolsa de Valores brasileira encerrou o dia de dança das cadeiras em Brasília em alta de 0,56%, a 115.418,72 pontos, tendo mínima de 114.095,70 e máxima de 115.552,84 pontos. Na semana anterior, entretanto, o índice acumulou queda de 1,24%. Ao mesmo tempo, o dólar comercial fechou em alta de 0,44%, cotado a R$ 5,766 a venda.
Para a economista Nathalie Marins, as mudanças na equipe de Bolsonaro não não são o que impulsionou a alta do dólar ou a queda da bolsa, mas acontecimentos como o recrudescimento da pandemia da Covid-19, o alto número de mortes, o atraso na vacinação e o desemprego.
“Nesta manhã, todas as moedas de países emergentes perdiam para o dólar por conta do contexto em que vivemos, e não especificamente pela saída dos ministros. Isso não é tão grande para a Economia”, disse a especialista. “Porém, se quem for colocado no lugar desses cargos que ficaram desocupados for favorável a uma agenda contrária à da equipe econômica, aí sim o impacto será grande no mercado”, completou.
O economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, concorda com esse diagnóstico, mas enfatiza que a saída de Ernesto Araújo deve ser observada. “O processo de fritura dele começou faz tempo e na semana passada ficou insustentável. O Itamaraty foi muito pouco hábil em relação à pandemia, o ministro também gerou desconforto com um grande parceiro comercial brasileiro: a China”, comentou.
Boa notícia
“A demissão dele, tal qual a mudança do ministério da Saúde e de outros ministérios, depende muito do nome que o presidente vai colocar. Existe a possibilidade de ter uma boa notícia, mas isso está relacionado a quem vai ocupar esse cargo, isso é o mais importante”, afirmou o economista, antes da confirmação de Franco França no lugar de Araújo.
Neste final de semana, Ernesto Araújo acusou a presidente da Comissão de Relações Exteriores, senadora Kátia Abreu (PP-TO), de acenar favoravelmente aos chineses na disputa preliminar pelo 5G.
Por esse episódio, o chanceler foi vítima de duros ataques dos senadores, que o criticaram por desviar atenção das vacinas para uma guerra ideológica.
Confira as mudanças e os nomes: