Itaipu omite salário de general que vai comandar Petrobras

Bolsonaro justificou a troca na petroleira alegando alto salário e falta de transparência na gestão de Roberto Castello Branco

Talita Laurino
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A Itaipu binacional se recusa a divulgar informações sobre o salário do presidente e dos diretores da empresa. O atual comandante da Itaipu, Joaquim Silva e Luna, foi escolhido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), para presidir a Petrobras, em substituição a Roberto Castello Branco, demitido sob acusação de falta de transparência em sua gestão e salário muito alto.

Há dois dias o Metrópoles questiona a assessoria de imprensa da Itaipu sobre qual a remuneração mensal e anual do presidente e dos diretores da companhia, além de outros benefícios a que têm direito. Foram feitas cinco tentativas, entre e-mails e telefonemas. A empresa informa apenas uma relação de valores sem identificação de quem os recebe.

Não é a primeira vez que a Itaipu esconde essas informações. Em 2017, o dado só veio a público depois de a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara dos Deputados pedir explicações oficialmente. Em janeiro do ano passado, a Folha de S.Paulo informou que o general Silva e Luna recebia um salário de R$ 70 mil mensais e revelou uma manobra feita na sua gestão que garantiu somente a ele um extra de R$ 221 mil naquele ano.

Na Petrobras, que tem ação em bolsa, o valor do salário do presidente e dos diretores consta em um relatório divulgado pelo próprio governo e é informado à Comissão de Valores Mobiliários. Castello Branco recebia um valor mensal de R$ 226 mil.

Nesta terça-feira (23/2), o presidente Jair Bolsonaro voltou a se manifestar sobre a troca de comandantes da Petrobras e reforçou a importância da transparência. “Quantos de nós, governadores, gostaríamos de ter alguém como o Silva e Luna numa estatal como a Itaipu binacional em seu estado. Lá ele fez coisas muito além do seu trabalho. Nós não temos uma briga com a Petrobras, nós queremos sim que ela possa ter cada vez mais transparência e previsibilidade”, afirmou.

Bolsonaro também questionou o fato de Castello Branco estar em home office, uma prática adotada por diversas empresas no momento de pandemia da covid-19. A Itaipu também estabeleceu o home office para seus funcionários.

Em abril do ano passado, a diretoria brasileira da empresa, inclusive, prorrogou a possibilidade de trabalho em casa aos colaboradores. Procurada, a Itaipu disse que o general Silva e Luna não fez home office em nenhum momento, apesar de ter estabelecido que “apenas quem não pode fazer o serviço em casa – como, por exemplo, profissionais das áreas de Operação e Manutenção, entre outros – permanece na usina”.

O que diz a Itaipu

A empresa não justificou a razão de omitir os salários do presidente e dos diretores. Em nota, informou que “quanto aos honorários, sua fixação acontece mediante critérios acordados binacionalmente e ditados pela Eletrobras e pela Ande, na forma do Tratado de Itaipu, Anexo A (Estatuto da Itaipu) e Regimento da Itaipu, tendo valores mensais, fixos e brutos, todos coerentes com o que se pratica no setor elétrico brasileiro”.

A empresa também afirmou que “os honorários dos dirigentes da Itaipu são proporcionais e compatíveis com as responsabilidades e importância da maior geradora de energia elétrica do mundo”.

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