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Incertezas elevam dólar a R$ 3,42, maior valor desde dezembro de 2016

Chegou a existir no mercado uma certa esperança de que depois que STF decidisse sobre HC de Lula, cenário se acalmasse um pouco

atualizado

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MICHAEL MELO/METRÓPOLES
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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: MICHAEL MELO/METRÓPOLES

O dólar iniciou a semana com um pregão nervoso, marcado pela continuidade das tensões no cenário externo e o quadro eleitoral no Brasil ainda muito incerto. A moeda fechou em alta de +1,69%, valendo R$ 3,4199. Essa é a maior cotação da divisa desde 5 de dezembro de 2016 (R$ 3,4250). Na máxima do dia, chegou a R$ 3,4234 (+1,80%). Depois do fechamento do mercado, a Moody’s reafirmou rating BA2 do Brasil e alterou a perspectiva de negativa para estável.

Diante da puxada de alta no finalzinho do pregão desta segunda-feira (9/4), um operador chegou a afirmar que o mercado já começa a testar o Banco Central para ver até onde a moeda pode ir sem chamar alguma intervenção no mercado. “Está difícil entender o movimento. É um pouco de política, um pouco de commodities, um pouco de cenário externo. Acho que o BC deveria dar alguma sinalização ao mercado”, afirmou um gestor de câmbio de um banco.

Nos últimos dias, havia um grupo no mercado avaliando que se o dólar se aproximasse dos R$ 3,40 o BC poderia dar essa sinalização. Pela manhã, operadores também identificaram que o mercado batia níveis de stop loss, o que pode também ter sido renovado mais para o fechamento. Além disso, o dia foi de perdas para moedas de países emergentes.

Para Cleber Alessie Machado Neto, operador da corretora Hcommcor, a alta do dólar hoje refletiu principalmente a alta volatilidade no mercado internacional de moedas, que teve o rublo como principal destaque. A moeda russa caiu para o nível mais baixo em relação ao dólar desde o fim de 2016, em reação às novas sanções impostas na sexta-feira passada pelos Estados Unidos contra oligarcas, empresas e autoridades da Rússia.

É um cenário de venda de real e de bolsa, com investidores enxugando posições em países emergentes, diante do noticiário envolvendo Síria e Rússia. Há também especulação em relação ao cenário político doméstico, mas é movimento favorecido pelas condições externas

Cleber Alessie Machado Neto, operador da corretora Hcommcor

Semana passada chegou a existir no mercado uma certa esperança de que depois que o STF decidisse sobre o habeas corpus do ex-presidente Lula o cenário se acalmasse um pouco. Mas, com a prisão de Lula, não foi o que aconteceu.

Sem referência
Agora, o mercado ficou sem referência de candidato – a seis meses da eleição, o quadro continua muito incerto. Como resumiu um operador, hoje não é que não se sabe quem será o próximo presidente, não há ainda como saber quais serão os candidatos. “Em ano de eleição, ninguém vai ficar vendido em dólar”, resumiu.

Conforme escreveu Fabio Alves, colunista da Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o mercado resolveu também assustar-se com a possibilidade de uma chapa que una o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, e Marina Silva, o que poderia representar uma retomada de políticas já adotadas pelo governo Dilma e menos pró-mercado.

Às 17h39, o dólar futuro para maio estava em R$ 3,4235, com alta de 1,47% e o volume somava cerca de US$ 23 bilhões. No mercado à vista, na B3, movimentou US$ 2,569 bilhões.

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