O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, criticou a legislação trabalhista e defendeu o direito de um empregado ter uma jornada de até 12 horas por dia em certos casos, em linha com a proposta apresentada na quinta-feira (8/9) pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.
A declaração foi dada em Buenos Aires, onde Andrade coordenava uma comitiva de 40 executivos de multinacionais interessados em retomar investimentos diante do processo de abertura na Argentina. O grupo reivindicou ao governo de Mauricio Macri alterações no que considera travas aos negócios no país: tributação dupla, de remessas de dividendos e dos empréstimos de matrizes para filiais, por exemplo.
Regime
Andrade explicou o contexto em que citou há dois meses uma jornada semanal de 80 horas na França, episódio em que foi criticado, especialmente nas redes sociais. Ele disse que na ocasião equivocou-se ao dizer 80 em vez de 60 horas e que tampouco defendia esse regime para o Brasil.
“Eu estava explicando que o mundo não tem mais dogma, não existe mais nada ‘imexível’. O governo francês falou que pode trabalhar lá até 60 horas semanais. Eu errei e na hora falei 80. Lá o pagamento de horas extras vai ser apenas de 10%, enquanto no Brasil é de 50% e, se for no domingo, é 100%. Foi isso que eu disse”, justificou-se Andrade, em tom elogioso à iniciativa francesa.
Ele salientou que citou o exemplo dos europeus para mostrar como até “um país socialista” muda a legislação. Andrade riu ao lembrar que até sua secretária o questionou, após a confusão, se teria de trabalhar 80 horas por semana.
Andrade ainda criticou em Buenos Aires a ação da Justiça nos Jogos do Rio. “Lá nas Olimpíadas tem 30 mil ações trabalhistas. Não dos trabalhadores, mas da Justiça, por trabalho temporário.”