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Cheques sobrevivem no interior do país e nas mãos dos mais velhos

Seis em cada 10 cheques são emitidos por clientes acima dos 40 anos, enquanto oito em cada 10 são lançados em cidades do interior

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Marcos Santos/USP Imagens
Cartões, dinheiro e cheques. Foto: Marcos Santos/USP Imagens
1 de 1 Cartões, dinheiro e cheques. Foto: Marcos Santos/USP Imagens - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O velho cheque pré-datado é, cada vez mais, uma lembrança que vai sumindo da memória. O meio de pagamento, que no passado foi uma peça central da dinâmica do varejo, hoje caminha para o ostracismo. Isso é o que se conclui de uma pesquisa do birô de crédito Multicrédito (antigo Telecheque), obtida com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O levantamento, com 3 mil empresas do comércio pelo Brasil, revela que, atualmente, o cheque sobrevive principalmente no interior do país e graças aos consumidores mais velhos.

Neste ano, seis em cada 10 cheques na praça saíram das mãos de clientes com mais de 40 anos (40% com mais de 50). E oito de cada 10 emissões aconteceram em cidades do interior, onde ou o sistema bancário é menos desenvolvido ou os comerciantes são mais resistentes ao uso dos cartões de crédito e débito – que cobra uma porcentagem dos varejistas sobre cada operação.

Outro dado do levantamento é que, enquanto o uso do cheque cai, o valor médio por emissões aumenta. Quase 90% dos cheques emitidos hoje correspondem a valores acima de R$ 1 mil. “Há uma década, a maior parte dos cheques não alcançava R$ 1 mil”, diz o diretor de produtos da Multicrédito, Walter Alfieri.

Segundo o Banco Central, enquanto o volume de cheques emitidos caiu pouco menos de 80% em 14 anos, de 2,1 bilhões de emissões em 2003 para 479 milhões em 2017, o desembolso médio por cheque subiu 72%, saltando de R$ 1.060 para R$ 1.829 no período.

“O que está acontecendo é que o cheque tem sido cada vez menos empregado para o consumo simples. Agora, ele é um meio de pagamento para operações mais caras, como um equipamento eletrônico, negociações de despesas escolares ou a entrada de um carro”, aponta Alfieri.

Na opinião do economista da Associação Comercial de São Paulo Marcel Solimeo, o cheque “está ficando cansado” com a tecnologia, que criou, por exemplo, os depósitos rápidos, como a Transferência Eletrônica Disponível (TED) – que não precisa passar pelo sistema de compensação bancária e, assim, o dinheiro fica disponível na conta do destino no mesmo dia da operação.

Outro ponto negativo: o cheque não desfruta da mesma segurança e comodidade do sistema de cartões. “O lojista não precisa aceitar o cheque. E, em cidades como São Paulo, ele nem quer mais”, diz Solimeo, que, aos 82 anos, emite um cheque por mês. “É para pagar o contador, que manda um portador com a conta. O resto, é tudo no débito ou no crédito”, diz.

Bagunça na conta
Para a planejadora financeira Eliane Tanabe – que emite, se tanto, um cheque por ano –, o problema do meio de pagamento é a confusão que ele pode gerar na conta bancária do emissor. “O cheque pode ser bom para fluxo de caixa, já que a pessoa pode dar um ‘pré-datado’ para determinado dia. Mas isso é um acordo de cavalheiros entre o emissor e o receptor”, afirma. “O cheque é uma ordem de pagamento à vista, mesmo que pré-datado. E ele pode ser compensado quando o receptor quiser, antes do prazo ou depois do prazo acordado”, adverte a planejadora.

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