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BNDES: diretor se afasta do cargo após crise com funcionários

André Laloni estava em conflito com corpo técnico do banco, que o acusa de ignorar regras internas

atualizado

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BNDES
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O diretor de investimentos do BNDES, André Laloni, pediu licença do cargo nesta sexta-feira (11/10/2019), alegando motivos pessoais. Porém, o estopim para seu afastamento foi a demissão, nessa quinta-feira (10/10/2019), da superintendente Luciana Tito, que teria sido desligada por ele após discordar da condução da estratégia de venda de ações pelo BNDES. A saída de ambos evidencia a crise entre o corpo técnico e a diretoria do banco. As informações são de O Globo.

Laloni chegou ao BNDES no fim de julho, após construir carreira no banco suíço UBS e passar pela Caixa, onde coordenou o programa de desinvestimentos do banco estatal. No BNDES, recebeu como principal missão se desfazer da carteira de mais de R$ 100 bilhões de ações detidas pela instituição. Mas Laloni entrou logo em conflito com o corpo técnico do BNDES, que o acusava de ignorar normas internas do banco.

Na semana passada, as tensões atingiram o clímax, com a destituição de Luciana Tito do cargo de superintendente da Área Jurídica Operacional.

Segundo relato de funcionários, Luciana não teria cedido às pressões de Laloni para incluir em uma oferta subsequente de ações do Banco do Brasil os papéis detidos pela União e que haviam sido transmitidos ao BNDES para que fossem vendidos.

A oferta do BB vai vender ações hoje detidas pela Tesouraria do próprio Banco do Brasil e também da carteira do Fundo de Investimentos do FGTS.

Regras internas
De acordo com servidores do banco, Luciana alegou que regras internas inviabilizavam a inclusão do lote de ações da União naquela oferta, o que teria causado descontentamento no comando do BNDES.

De acordo com funcionários, não havia tempo hábil para que isso acontecesse dentro das normas do banco. A associação de funcionários do BNDES, a AFBNDES, organizou ato na segunda-feira (07/10/2019) cobrando explicações do banco, que não se manifestou.

O presidente do conselho de administração do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor financeiro do banco, afirmou que Laloni queria, de fato, impor mudanças na cultura interna do banco.

Mudar as normas
“O BNDES tem pessoas excelentes que não podem ser desprezadas. Ele queria mudar a cultura do BNDES, o que é impossível. Pode convencer, não impor. O BNDES tem regras que têm que ser respeitada, senão o funcionário paga pelos erros normativos. Antes, seria preciso mudar as normas”, criticou Freitas.

Em reunião interna, o presidente do banco, Gustavo Montezano, disse que seria buscado um substituto para o cargo de Laloni, de acordo com fontes a par da conversa. Teria prometido ainda que a venda de ações da BNDESPar será feita de forma técnica e seguindo as regras de governança.

Procurado, o BNDES confirmou que Laloni foi afastado.

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