Doméstica acusa fundador das Casas Bahia de estupro: “Prometia doces”

A mulher diz que, aos 11 anos, teria sido apresentada por uma prima também adolescente ao “tio das Casas Bahia”, que cometeu abusos sexuais

Da Redação
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Uma doméstica de 37 anos luta na Justiça para conseguir reparação por danos morais e materiais contra o espólio de Samuel Klein (foto em destaque), que morreu aos 91 anos em 2014. Ela acusa o fundador das Casas Bahia de estupro. Por duas vezes, a Justiça já considerou improcedente a ação da mulher.

Ela diz que, aos 11 anos, teria sido apresentada por uma prima, também adolescente, ao “tio das Casas Bahia”. A mulher afirma que nessa época foi vítima de abuso e exploração sexual por parte do empresário.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, a doméstica diz que foi levada por uma prima até Samuel Klein. Moradora de São Vicente, na Baixada Santista, casada e mãe de dois filhos, um de 23 e outro de 2 anos, ela prefere que seu nome não seja divulgado.

“A minha mãe trabalhava como doméstica e eu e meus cinco irmãos fomos criados pelos meus avós. Minha avó recebia o pagamento da aposentadoria em São Caetano do Sul, onde moravam outros parentes. Eu ficava feliz quando ia com ela para casa da minha tia e das minhas primas”, lembra.

Segundo ela, todos frequentavam as Casas Bahia no centro e contavam as histórias. “Um dia, me chamaram para ir junto. O que eu mais queria era uma bicicleta. E foi por aí que ele me pegou. Elas falaram: ‘Vamos lá que o tio das Casas Bahia te dá’. Foi assim que conheci Samuel Klein”, conta.

De acordo com a mulher, um taxista a buscou com outras duas meninas, uma de 10 anos e a outra de 16. “Quando chegava lá, uma mulher induzia (sic) a gente até um escritório, onde tinha um quartinho reservado, com uma maca no fundo. Tinha também bonecas, brinquedos. Parecia uma brinquedoteca. Ele falou pra mim: ‘O titio vai dar para você a bicicleta'”, detalha.

Uma prima dela já havia falado para Samuel Klein o que ela queria.

“Ele entrou com uma bike roxa com cestinha. Pequena. Do meu tamanho. Fiquei superfeliz. Eu me assustei quando vi que era um velho. Mas ele tinha uma lábia grande para seduzir as crianças. ‘Vem cá, o titio vai te dar um doce’, ele dizia”, conta.

O abuso

Nesse momento teria ocorrido o abuso. “Só não sabia direito o que ele ia fazer depois. Até que o velho pediu para a gente mostrar o corpo. Achei estranho, mas acabei fazendo. Estava todo mundo rindo, brincando. Desde os meus 9 anos, eu tinha um corpinho de moça. Menstruei nessa idade. Já tinha peitinho. O tio cresceu o olho. Ele escolhia as meninas que queria”, relata.

Após esse primeiro encontro, a doméstica ainda frequentou festas na casa do empresário.

“Quando chegava para as festas, lá tinha um monte de biquínis e fantasias de bailarina, de princesa. Era muito estranho, mas a gente gostava. Escolhia uma para vestir e ficava dançando, brincando. Ali mesmo aconteciam as orgias. Era horrível”, diz.

“Comecei a perceber que não era uma festa de criança, mesmo tendo guaraná, bastante doce e chocolate. Tinha também bebida alcoólica, champanhe, uns rapazes fazendo drinks”, detalha.

O outro lado

A ação de Naiara foi julgada improcedente na primeira e na segunda instâncias. Um último recurso está para ser julgado no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além de ter sido ajuizada depois do prazo de prescrição com a consequente perda do direito de ação, a tese de incapacidade parcial da vítima não foi aceita nos tribunais inferiores.

Por meio de nota, Michael Klein, filho e inventariante de Samuel Klein, se disse perplexo com as acusações.

“Na condição de inventariante, recebi a informação sobre essas denúncias com perplexidade e tristeza. Infelizmente, Samuel Klein não está aqui para se defender. Em relação ao processo, corre em segredo de Justiça pela privacidade das partes envolvidas. Por esse motivo não posso me pronunciar sobre o caso. Toda e qualquer questão judicial será naturalmente apreciada pelo Poder Judiciário e suas decisões finais serão respeitosamente acatadas”, afirma.

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