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Do sacolão para a farmácia. Alunos criam fraldas com amido de mandioca

Inovação sustentável está no plástico desenvolvido pela equipe. Produto é capaz de se decompor em até seis meses

atualizado

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Divulgação/IFMT
plástico – amido mandioca 2
1 de 1 plástico – amido mandioca 2 - Foto: Divulgação/IFMT

O uso da mandioca – também conhecida no Brasil como aipim ou macaxeira – na elaboração de pratos para consumo não é novidade. Mas, você sabia que a raiz de origem amazônica também serve de base na produção de fraldas biodegradáveis? Trata-se de uma iniciativa de professores e estudantes do campus de Juína, no Instituto Federal do Mato Grosso (IFMT), conhecida como Toper Bio. O projeto tem como objetivo criar fraldas a partir do amido do alimento.

De acordo com o professor Anselmo Santos, um dos coordenadores da ação, a inovação está na composição do plástico desenvolvido pela equipe. O produto final é capaz de se decompor em até seis meses. Os modelos convencionais, encontrados em estabelecimentos comerciais, costumam passar por decomposição durante décadas na natureza. “Queríamos valorizar a mandioca, bem como agregar valor ao trabalho de cultivo feito por meio da agricultura familiar”, ressaltou.

A ideia surgiu a partir de uma necessidade do outro coordenador da iniciativa, o professor Aluísio Fraga. Segundo ele, seu pai é portador de Alzheimer e precisa utilizar fraldas geriátricas. Diante disso, o docente resolveu fazer testes com o derivado da raiz para produzir protótipo.

“O projeto tem como base uma experiência pessoal. Fraldas tradicionais possuem polímeros petroquímicos e, portanto, demoram cerca de 600 anos para se decompor na natureza, fato que ocasiona uma série de problemas ambientais”, destacou o docente.

Divulgação/IFMT
Estudantes demonstram fralda biodegradável desenvolvida a partir de amido de mandioca

 

Reprodução/EBC
Mandiocas são matéria-prima para fraldas

 

Iniciativa pioneira
Em entrevista ao Metrópoles, o professor Anselmo Santos garantiu que a iniciativa é pioneira no país. “O projeto começou ano passado. É o único da Rede Federal. Nenhuma universidade fez algo semelhante”, declarou. Segundo o Conselho Nacional dos Institutos Federais (Conif), não há iniciativa similar na Rede Federal de educação profissional, científica e tecnológica.

O projeto, que teve início no ano passado, foi premiado em segundo lugar na Maratona Células empreendedoras de 2017. O evento foi realizado pela Secretaria de Estado de Ciências, Tecnologia e Inovação (Secitec), em parceria com a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMT), e teve como intuito incentivar pesquisas do segmento.

Posteriormente, o grupo foi procurado por várias empresas, inclusive do exterior, para investir na ideia. “Estamos tentando a patente do produto. Começamos a buscar isso agora. Companhias estrangeiras de grande porte entraram em contato, uma delas do Texas (EUA)”, disse. “Respondemos uma delas, que nos pediu a não divulgação da tecnologia. A contrapartida é auxílio no processo de patenteação, além de participação nos lucros. Parte se destinaria ao Instituto Federal do Mato Grosso, outra parcela vai para os alunos e, claro, outra fica com a empresa responsável pela fabricação das fraldas”, explicou Anselmo Santos.

Segundo o docente, nenhum acordo foi selado ainda, mas já há um contrato em análise por parte do IFMT. “Não fechamos com nenhuma empresa. O documento está em análise por parte da reitoria do instituto federal. A partir do resultado dessa avaliação, saberemos se poderemos estabelecer parcerias”, destacou.

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