Crise do oxigênio no Amazonas se estenderá a outros estados, diz deputado

Delegado Pablo (PSL-AM) é responsável por ter entrado, no último dia (15/1), com um pedido de intervenção federal na saúde do estado

Nathalia Kuhl ,
Tácio Lorran
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O deputado federal Delegado Pablo (PSL-AM) disse, em entrevista ao Metrópoles, que o caos do sistema de saúde do Amazonas é uma “tragédia anunciada”. O parlamentar responsabiliza os governos municipal, estadual e federal pela alta taxa de hospitalização em decorrência do novo coronavírus, bem como pela escassez de oxigênio no estado.

Só a capital do Amazonas, Manaus, tem registrado cerca de 200 sepultamentos por dia, a maioria de óbitos causados em decorrência da Covid-19. Por causa do elevado número de mortos, carros funerários fazem filas em cemitérios da cidade para enterrar as vítimas, enquanto famílias têm somente cinco minutos para se despedir dos parentes.

“É uma tragédia anunciada. O aumento de contágio não foi acompanhado com a estrutura física. Eu atribuo a responsabilidade a uma ineficiência administrativa da gestão da saúde, que não teve visão para perceber a crise e o estágio em que ela iria chegar. Essa falta de sensibilidade e preparo custou a vida de muitas pessoas”, assinala.

O delegado acompanha de perto o colapso no Amazonas. Ele está no estado desde o início do recesso parlamentar, há um mês, e avalia que a crise instaurada na capital deverá se alastrar ao restante do país. Em Roraima, por exemplo, o estoque de oxigênio é mínimo e está se esvaindo rapidamente, segundo o senador Telmário Mota (Pros-RR).

“Manaus é como uma pedra que se joga em uma lagoa e espalha ondas por todos os lados. O primeiro pico de onda aconteceu no estado do Amazonas, na cidade de Manaus, e depois a onda se alastrou pelo Brasil. Esta situação de agora também pode se repetir em outros estados brasileiros”, explica o deputado.

Delegado Pablo é responsável por ter entrado, no último dia 15 de janeiro, com um pedido, na Câmara dos Deputados, de intervenção federal na saúde do estado do Amazonas. Para o parlamentar, “o Amazonas não tem mais condições de gerir a saúde sozinho e precisa da ajuda de autoridades maiores, que é o caso do governo federal”.

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Cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus (AM)

O deputado afirma, ainda, que o colapso na saúde do Amazonas acaba por escancarar, inclusive, outros problemas estruturais no estado. Ele cita, como exemplo, o envio de oxigênio, que sofreu atrasos no transporte terrestre: “Até ajudar, como mandar um oxigênio, se descobre o quão difícil é chegar ao Amazonas”, ressalta o parlamentar.

Sete caminhões que saíram de Porto Velho (RO) com uma carga de cerca de 160 mil m³ de oxigênio chegaram a Manaus pouco antes das 12h do domingo (24/1). A entrega dos equipamentos, que estão em falta na capital do Amazonas por conta da pandemia do coronavírus, ocorreu com atraso devido às condições da pista.

As falhas são de todas as partes: municipal, estadual e federal. Por exemplo, na gestão do prefeito anterior, [Arthur Virgílio Neto], foi montado um hospital de campanha e, por uma razão desconhecida, ele foi desativado. Era uma estrutura que estava pronta, montada e funcionando”, afirma o parlamentar.

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