Cotada para Saúde diz que é covardia do STF “penitenciar quem luta no SUS”
Segundo a oncologista, decisão da Corte que limitou atos de agentes públicos corre risco de ser enquadrada como “crime contra a humanidade”
atualizado
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A oncologista Nise Hitomi Yamaguchi, cotada para assumir o Ministério da Saúde, afirmou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de impor limites aos agentes públicos sobre medidas contra o coronavírus pode prejudicar os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a Corte, as autoridades precisam levar em conta critérios científicos para não serem responsabilizadas por possíveis danos. Ou seja, a prescrição da hidroxicloroquina — que ainda não teve a eficácia comprovada pela ciência — fica barrada nos casos de coronavírus.
Para Nise, a sentença do STF “leva à perda de chance ou oportunidade de ter uma vantagem ou de evitar o prejuízo. No caso, a chance de receber um protocolo de tratamento que pode trazer benefícios é irremediavelmente destruída pela penalização de prescrição dos medicamentos pelos médicos da rede pública”, afirma.
Segundo a oncologista, apesar de não haver comprovação científica da eficácia do medicamento, também não existem estudos que confirmam a ineficácia.
“O único estudo randomizado publicado foi o do Amazonas, que não concluiu que o protocolo não funciona, mas sim que doses acima da dose de segurança são tóxicas”, argumentou.
Nise diz ainda que a decisão do Supremo “retira qualquer oportunidade de chance ou esperança” dos pacientes do coronavírus. “Se no futuro próximo qualquer desses tratamentos forem provados benéficos, quantas vidas não foram ceifadas desnecessariamente? E quem se responsabilizará por isso? Em qual tribunal?”, questiona.
“Penitenciar aqueles que lutam por beneficiar seus pacientes no SUS é covardia. Caso essa decisão seja mantida, o STF corre o risco de cometer um crime contra a humanidade”, diz nota.