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Desde que assumiu, chefe do FNDE viajou, em média, a cada quatro dias

Carlos Decotelli passou por destinos como Salvador, Rio e Recife, entre outros. Servidores reclamam de estagnação em projetos e licitações

atualizado

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Reprodução/FNDE
Carlos Decotelli, presidente do FNDE
1 de 1 Carlos Decotelli, presidente do FNDE - Foto: Reprodução/FNDE

O professor Carlos Alberto Decotelli da Silva, presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), passou 23% do tempo como chefe da pasta viajando. Há 169 dias no cargo — ele foi nomeado em 5 de fevereiro, esteve ausente do órgão 38 vezes.

Nesse período, segundo levantamento do Metrópoles, com base em dados divulgados pelo Portal da Transparência, o governo federal desembolsou R$ 67 mil. Decotelli esteve em destinos como Salvador, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Natal, entre outros.

Em média, Decotelli fez um deslocamento a cada quatro dias. Um dos exemplos de viagem do professor é a capital manauara. O governo gastou R$ 8,7 mil. O titular do FNDE passou três dias em Manaus, entre 25 e 27 abril, participando de uma reunião com integrantes da Secretaria Estadual de Educação do Amazonas.

A preocupação dos servidores do órgão, responsável pela execução de políticas para a educação básica, é que a “ausência” de Decotelli tem atrasado atividades, como as compras previstas para este ano.

Para se ter ideia das dificuldades, das 22 licitações aguardadas para 2019, nenhuma saiu do papel. As aquisições seriam de material escolar, ônibus, equipamentos para bibliotecas e cozinha, computadores, por exemplo. O Comitê de Compras do FNDE pontua que sequer fez sua primeira reunião do ano, por não conseguir agenda com o presidente da pasta.

Outro prejuízo é ao programa de inteligência artificial, que seria usado para a malha fina e prestação de contas. Anunciado como pronto, traria economia de R$ 2 bilhões aos cofres públicos.

Contudo, segundo servidores, o projeto não foi finalizado. “Chegou em 2018 com 90% concluído. Agora, de janeiro a julho, não terminamos os 10%”, destaca um técnico do órgão, sob condição de anonimato.

Divulgação/Educa Mais Brasil

Outro lado

O FNDE justificou, em nota, que as viagens colaboram com a “gestão estratégica” da pasta . “A iniciativa de aproximação com os gestores e técnicos locais se dá por meio de encontros de capacitação e atendimento, promovidos em parceria com as secretarias de Educação dos estados e dos municípios; reuniões técnicas com os secretários e demais gestores educacionais; sempre com vistas a conhecer a realidade das regiões e entender suas demandas”, frisa o texto.

Somente em 2019, de acordo com o órgão, foram realizados encontros em cinco estados, resultando na capacitação e atendimento individualizado a mais de 2,5 mil gestores e técnicos.

Sobre as licitações paradas, a pasta informou que publicou 10 editais de pregão. “Há, ainda, diversos projetos em fase de planejamento, dos quais destacamos os processos para registro de preços de ônibus do programa Caminho da Escola, computadores do Programa de Inovação Educação Conectada e equipamentos para Salas de Recursos Multifuncionais, cujo edital encontra-se em vias de publicação”, diz trecho do comunicado.

A autarquia garante que o programa de inteligência artificial será usado plenamente agora em agosto. “O projeto vai aprimorar a prestação de contas dos estados e municípios ao FNDE e deve alcançar uma economia de R$ 3 bilhões para os cofres públicos nos próximos três anos”, conclui a nota.

O Ministério da Educação, órgão superior ao FNDE, não falou sobre o assunto. Nos bastidores, comenta-se que o ministro Abraham Weintraub estaria insatisfeito com o trabalho de Decotelli.

Perfil
Desde o governo de transição, Decotelli era visto na equipe do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O educador dava expediente continuamente no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.

Decotelli é financista, escritor e professor. Especializado em administração financeira, o chefe do FNDE estudou em instituições como a Bergische Universitãt Wuppertal, na Alemanha, Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, Fundação Getúlio Vargas e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

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