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Celso de Mello vê “aparente prática criminosa” em fala de Weintraub

O ministro da Educação pediu a prisão dos ministros da Suprema Corte em reunião ministerial

atualizado

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Andre Borges/Esp. Metropoles
Ministro Abraham Weintraub
1 de 1 Ministro Abraham Weintraub - Foto: Andre Borges/Esp. Metropoles

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello afirmou nesta sexta-feira (22/05) que vê “aparente prática criminosa” na fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, em reunião ministral de 22 de abril. Na decisão, o decano alega ser “gravíssima” a declaração do titular da pasta contra a Suprema Corte.

“O povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A ge… o povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF. E é isso que me choca”, disse Weintraub.

A decisão proferida nesta sexta-feira (22/05) revela a fala do ministro durante o encontro com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Para Celso de Mello, a declaração de Weintraub “põe em evidência, além do seu destacado grau de incivilidade e de inaceitável grosseria, que tal afirmação configuraria possível delito contra a honra (como o crime de injúria)”.

“A gente tá conversando com quem a gente tinha que lutar. A gente não tá sendo duro o bastante contra os privilégios, com o tamanho do Estado”, afirmou Weintraub.

Na reunião, o ministro da Educação também criticou Brasília, ao afirmar que a capital federal é “uma porcaria” e um “cancro” de “corrupção”.

“Eu não quero ser escravo nesse país. E acabar com essa porcaria que é Brasília. Isso daqui é um cancro de corrupção, de privilégio. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar. As pessoas aqui perdem a percepção, a empatia, a relação com o povo. Se sentem inexpugnáveis”, disse.

Entenda o caso
Moro deixou o Ministério da Justiça no dia 24 de abril acusando o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. Segundo ele, Bolsonaro não só queria indicar alguém de “sua confiança” tanto para a diretoria-geral da PF quanto para as superintendências estaduais, como também queria “relatórios de inteligência” da corporação.

Entre os elementos que, segundo o ex-juiz, provavam suas alegações, estava justamente o vídeo desta reunião ministerial. As imagens foram entregues pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao STF, no âmbito de um inquérito que apura as alegações de Moro, mas permaneciam, até então, em sigilo.

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No último dia 12 de maio, o ex-ministro, seus advogados, representantes do governo federal, da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR), assistiram ao vídeo juntos, em sessão reservada. Mello atendeu ao pedido de Moro, que defendia o levantamento integral do sigilo — a AGU, por outro lado, queria que apenas as falas do presidente na reunião fossem tornadas públicas.

Veja os vídeos da reunião ministerial liberados pelo STF:

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