Campanha por absorventes gratuitos ganha força após veto de Bolsonaro

"Nas ruas, usam miolo de pão, pedaços de pano de chão, que têm poder de absorção", revela Yvonne Bezerra, do Instituto Uerê, na Maré

Bruno Menezes
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Rio de Janeiro – Após o veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao projeto que previa a distribuição gratuita de absorventes femininos, a campanha pobreza menstrual ganhou força nas redes sociais. Campanhas de protesto contra a decisão de Bolsonaro pedem que o projeto seja revisto, porque visa ajudar estudantes de baixa renda e mulheres em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema.

A decisão do presidente foi publicada em Diário Oficial nesta quinta-feira (7/10) e o veto foi justificado pela falta de informações sobre a fonte de custeio do serviço. Um hotsite (https://www.cademeuabsorvente.nossas.org.br) foi criado para explicar detalhes do projeto dos absorventes. O portal ainda indica os caminhos para que os adeptos à campanha pressionem os parlamentares pela derrubada do veto.

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Segundo relatório da Unicef, uma mulher gasta de R$ 3 mil a R$ 8 mil só em absorventes
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Na página, há informações relevantes que sustentam a campanha, como as que indicam que 236% das meninas entre 15 e 17 não têm acesso a produtos de higiene adequados no período menstrual.

Atualmente, 1,5 milhão de brasileiras vivem em residências sem banheiros, sendo que 65% dessas mulheres são negras. Outro dado disponibilizado é que uma em cada 10 meninas perdem aulas quando estão menstruadas.

No estado do Rio de Janeiro, a lei 9.404/21, sancionada pelo governador Cláudio Castro (PL), autoriza o Poder Executivo a distribuir gratuitamente absorventes nas escolas estaduais. No entanto, a medida ainda não tem data para entrar em vigor.

A expectativa é atender 51% das cerca de 707 mil estudantes da rede, o que significam 362.650 pessoas, com idade entre 10 e 55 anos, das turmas de ensino regular à Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Miolo de pão

A professora Yvonne Bezerra de Mello, do Instituto Uerê, projeto educativo na Maré, contou ao G1 que a distribuição dos absorventes é extremamente necessária e que há mulheres que usam até miolo de pão para conter o fluxo menstrual.

“O absorvente custa muito caro. Para quem vive com auxílio de R$ 280, paga R$ 120 em um botijão de gás, como vai comprar absorvente? Nas ruas (pessoas em situação de rua), usam miolo de pão, pedaços de pano de chão, que têm poder de absorção. É um item de luxo apesar de ser absolutamente necessário”, conta.

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