Bolsonaro exonera Bento Albuquerque do Ministério de Minas e Energia

Exoneração, a pedido, ocorre após sucessivos aumentos de preços dos combustíveis e críticas de Bolsonaro à Petrobras. Sachsida assume pasta

Márcia Delgado
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) trocou o comando do Ministério de Minas e Energia. A decisão saiu publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (11/5). Bento Costa Lima Leite de Albuquerque (foto em destaque) foi exonerado, a pedido. Em seu lugar, entrará como titular da pasta Adolfo Sachsida.

A mudança ocorre após recentes críticas do presidente à política de preços da Petrobras, estatal ligada ao Ministério das Minas e Energia, e um dia depois do aumento do preço do diesel.

Por diversas vezes, Bolsonaro teceu críticas à empresa pública. Em março deste ano, por exemplo, cobrou o ministro publicamente, após mais um reajuste de combustíveis.

“Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, da Petrobras, não podem aumentar o preço do diesel. Não estou apelando, estou fazendo uma constatação levando-se em conta o lucro abusivo que vocês têm. Vocês não podem quebrar o Brasil. É um apelo agora: Petrobras, não quebre o Brasil, não aumente o preço do petróleo. Eu não posso intervir. Vocês têm lucro, têm gordura e têm o papel social da Petrobras definido na Constituição”, assinalou o mandatário.

Na ocasião, Bolsonaro disse que a Petrobras era “futebol clube”. “Resumindo, ontem [11/3], a Petrobras aumentou em R$ 0,90. Lamento, podia ficar mais um dia. A Petrobras demonstra que não tem qualquer sensibilidade com a população, é Petrobras Futebol Clube, e o resto que se exploda”, disparou o presidente, durante passeio em Luziânia, em Goiás.

O almirante Bento Albuquerque era ministro de Minas e Energia desde o início da presidência de Jair Bolsonaro. É o terceiro nome a cair após aumento de preços de combustíveis. Em fevereiro deste ano, o então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que estava no cargo desde o início do governo, foi demitido. E em março, o substituto de Castello Branco, o general Joaquim Silva e Luna, também caiu.

Adolfo Sachsida assume o Ministério de Minas e Energia

Quem é Sachsida

Sashsida era chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia, comandada por Paulo Guedes. Doutor em Economia e advogado, o novo ministro é autor de vários livros e artigos técnicos sobre política econômica, política monetária, política fiscal, avaliação de políticas públicas e tributação.

Além de doutorado em Economia pela Universidade de Brasília (UnB), o novo ministro possui pós-doutorado pela Universidade do Alabama, nos Estados Unidos.  Sachsida já lecionou na Universidade do Texas.

Advogado com estudos na área de Direito Tributário, é técnico de Planejamento e Pesquisa da Carreira Pública pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Tem experiência em macroeconomia.

A mais recente alta do diesel deixou caminhoneiros insatisfeitos. Wallace Landim, o Chorão, durante a greve de 2018, já anunciou que o setor discute a possibilidade de promover atos contra a Petrobras. No Espírito Santo, a categoria inicia paralisação a partir desta quarta.

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Durante participação por videoconferência do Congresso Brasil Profundo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a gasolina brasileira é a mais barata do mundo. O pronunciamento aconteceu em meio a mais um aumento no preço do combustível no país
No entanto, segundo o relatório semanal da consultoria Global Petrol Prices realizado em início de março de 2022, o Brasil, na verdade, fica em 90º lugar no ranking mundial. O preço médio do litro de gasolina no país custa US$ 1,287. Em real, o valor seria R$ 6,56, muito mais elevado do que em países como a Venezuela, por exemplo
De acordo com o relatório, o país que faz fronteira com o Brasil tem o menor preço da gasolina. Por lá, o litro está custando aproximadamente US$ 0,025
Assim como na Venezuela, o preço da gasolina na Líbia também é um dos mais baixos do mundo. No país localizado no continente africano, o litro do combustível chega a US$ 0,032
No Irã, o litro de gasolina custa cerca de US$ 0,051; na Síria, US$ 0,316; na Argélia, US$ 0,321; na Angola, US$ 0,337; e, no Kuwait, custa US$ 0,346
Até então, na Rússia, que está em guerra com a Ucrânia, o litro do combustível custa US$ 0,373; no Cazaquistão, US$ 0,400; na Nigéria, US$ 0,400; na Malásia, US$ 0,491; na Bolívia, US$ 0,545; no Catar, R$ 0,577; na Colômbia, US$ 0,624; e, nas Maldivas, custa aproximadamente US$ 0,840
Na vizinha Argentina, o litro da gasolina custa R$ 0,976; no México, US$ 1,078; nos Estados Unidos, US$ 1,178; na Ucrânia, que está em guerra com a Rússia, até então, o litro da gasolina custa US$ 1,183 e, no Paraguai, US$ 1,208
A diferença de preço de cada país varia conforme a taxação de impostos, já que todos os países compram o petróleo nos mercados internacionais pelos mesmos preços, mas submetem diferentes impostos
No Brasil, a Petrobras anunciou recentemente o aumento de 18,8% na gasolina e de 24,9% no diesel nas refinarias. Já o gás de cozinha (GLP), a alta foi de 16,1%. Com o novo reajuste, o valor atual da gasolina no Brasil está acima dos R$ 7,00 por litro

 

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