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Após embate com a Anvisa, SP anuncia eficácia global da vacina nesta terça

A expectativa é de que o índice seja em torno de 64%. Percentual acima dos 50%, exigido pela Anvisa e OMS

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Coronavac
1 de 1 Coronavac - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – Após pressão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de especialistas, o Instituto Butantan apresenta no início da tarde desta terça-feira (12/1) os dados completos da eficácia global da Coronavac, vacina desenvolvida com a chinesa Sinovac. A expectativa é que o índice seja menor que o apresentado na última quinta-feira (7/1), de 78% para casos leves e 100% para casos graves. Segundo cálculo feito pelo Metrópoles, o índice geral deve ficar em torno de 64%.

Para chegar a esse percentual, foram levados em conta dados que o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse a jornalistas informalmente. Segundo ele, houve 218 casos de Covid-19 entre os voluntários, foram cerca de 160 entre os que receberam placebo da vacina e pouco menos de 60, entre os que receberam as doses da Coronavac. Com base nesses números, é possível chegar aos 64%.

Embora o percentual seja menor que o apresentado anteriormente, ele está acima dos 50%, exigidos pela agência brasileira e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A eficácia da Coronavac, se confirmada ser em torno de 64%, também é semelhante ao de outros imunizantes, como a da dengue e da gripe, que tem média de 60%, de acordo com o Instituto Questão de Ciência (IQC).

Para a presidente do IQC, Natalia Pasternak, a vacina transformaria a Covid-19 em uma gripezinha. “Se uma vacina com 62%, ou mesmo 50%, de eficácia, for 90% capaz de reduzir hospitalização e morte, já será de grande valia para o controle da pandemia e o retorno à normalidade. E reduzirá também a circulação da doença”, afirma em artigo do IQC.

Troca de farpas

Desde que apresentou os dados fatiados de eficácia, o Butantan, que é ligado ao governo de São Paulo, vem sofrendo críticas da Anvisa e de especialistas para divulgar o estudo completo e a comparação com outros países. A Turquia já havia anunciado que a eficácia no país ficou em 91% e nesta segunda-feira (11/1) a Indonésia informou que ficou em 65,3%.

Ao Metrópoles, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn informou que cabe a chinesa Sinovac juntar os dados de todos os países e fazer a média. Segundo ele, é por ser responsável por unir os dados que será o laboratório chinês que vai pedir o registro definitivo da vacina no país. O pedido para uso emergencial foi feito pelo Butantan.

Na avaliação do coordenador-executivo do Centro de Contingência Covid-19 de São Paulo, João Gabbardo, em vez de discutir a eficácia do composto seria mais significativo discutir “o que importa”.

“Tem gente que está preocupada se a vacina vai transmitir a doença de uma pessoa para a outra, se ela vai apresentar casos leves, quantos por cento de casos leves teremos. Isso é significativo nesse momento? Nesse momento o que é significativo é que nós vamos reduzir os casos graves. Vamos reduzir as internações, vamos reduzir os óbitos”, disse em coletiva de imprensa na segunda (11/1).

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Ele afirma que “se nós conseguirmos vacinar as pessoas acima de 60 anos nessa primeira fase, estaremos trabalhando diretamente em 77% dos óbitos em São Paulo”.

“Não se justifica que a gente fique fazendo algumas discussões que não são relevantes para esse momento quando a gente pode imediatamente atacar o que é mais importante e mais significativo que é essa pressão sobre o sistema de saúde, a utilização dos leitos de UTI, são os casos graves e as pessoas que infelizmente vão vir a óbito por conta da pandemia”, pontua.

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