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A busca por filho copiloto 5 meses após acidente: “Mãe não desiste”

Ana Regina Agostinho, 44 anos, ainda tenta obter mais informações sobre a queda do avião entre Paraty e Ubatuba

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Ana Regina Agostinho e o filho copiloto José Porfírio de Brito Júnior, de 20 anos
1 de 1 Ana Regina Agostinho e o filho copiloto José Porfírio de Brito Júnior, de 20 anos - Foto: Reprodução

São Paulo – Ana Regina Agostinho, 44 anos, vive há cinco meses movida pelo desejo de encontrar o filho José Porfírio de Brito Júnior, 20 anos, no mar ou em ilhas. A mãe do copiloto ainda tenta obter mais informações sobre a queda do avião entre Paraty e Ubatuba.

“Minha vida acabou em 24/11/21. Eu não vivo mais, sobrevivo. Vivo no desespero: ‘Onde está o meu filho?’ Eu não sei se meu filho está dentro do avião submerso, não sei se o meu filho está perdido na mata, se o meu filho está sem memória sendo cuidado por alguém”, relatou a mãe ao Metrópoles.

Assim que o acidente aconteceu, ela fechou seu consultório de estética e se mudou para Paraty, a fim de auxiliar nas buscas. Recentemente, retornou ao Rio de Janeiro para trabalhar e, assim, ter dinheiro para continuar a procura por conta própria.

“Vivo isso diariamente. O meu filho hoje é um desaparecido, porque eu não tenho um corpo para poder enterrar, eu não tenho respostas concretas do que realmente aconteceu. Enquanto eu não tiver um corpo, não vou aceitar uma morte presumida. Uma mãe não desiste do seu filho”, disse. 

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Denúncia

Ela também retornou à cidade para se dedicar à denúncia que abriu no Ministério Público Federal (MPF), na qual pede investigações sobre o caso.

“Preciso ter respostas. Preciso que achem a fuselagem do avião, porque eu sei que as Forças Armadas e a Marinha têm equipamentos e submarinos que fazem essa varredura no fundo do mar. Preciso que achem essa fuselagem e me respondam se há ou não corpos lá dentro”, assinalou.

Ana também busca na Justiça que a Apple forneça a última localização do celular do filho. A reportagem do Metrópoles procurou a fabricante do aparelho, mas não obteve retorno.

Sem dinheiro para buscas

O pai de José gastou R$ 200 mil no primeiro mês de busca. “Tinha três arrastes por dia, cada diária custa R$ 6 mil, fora o combustível das quatro lanchas, mais alimentação de quem estava lá nos ajudando. Pagamos combustível para a aeronave de amigos sobrevoar o local”, contou a mãe.

Ana relutou para aceitar dinheiro de pessoas que acompanhavam o caso, mas, por necessidade, acabou recebendo R$ 40 mil de amigos, familiares e desconhecidos. O valor foi usado durante três meses para se manter e continuar a procura.

As verbas que eu consegui com rifas vendidas pela internet, pessoas que foram solidárias e fizeram Pix, esse dinheiro já foi nas buscas. Agora, estou zerada, preciso voltar a trabalhar para ter recursos financeiros para voltar para lá”, pontuou Ana.

Sem trabalhar, ela também deixou o apartamento alugado no qual morava e foi viver com o ex-marido e pai do copiloto no Recreio, no Rio de Janeiro.

Dia das Mães

Ana planeja passar o Dia das Mães apenas com a filha mais nova. “Chegando o Dia das Mães vai ser mais difícil, porque vivo numa espera, numa incerteza. Mas eu não vou desistir do meu filho”, garantiu.

Entre todas as dificuldades que enfrenta, não titubeia ao dizer o que é o pior: “A saudade do meu filho, ouvir ele pedindo a bênção antes de dormir, o abraço dele. Todos os dias a gente ia para a academia. É muito difícil, ele era muito família”.

Parecer sobre buscas

O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), que integra a Força Aérea Brasileira (FAB), respondeu, em 27/4, à denúncia feita ao MPF com um parecer.

A mãe contesta o documento: “Eu estava no mar o tempo inteiro, tem inverdades ali”. Apesar disso, Ana acredita que alguns trechos do relatório confirmam que as buscas foram falhas.

“A não disponibilidade de aeronave de asa fixa para busca após o primeiro dia da missão prejudicou a eficiência das buscas, uma vez que, dada a maior autonomia dessas aeronaves, poderia ter sido coberta uma área maior em menor tempo”, diz o parecer.

Ainda na seção nomeada “fatores adversos”, o documento informa que o número de panes das aeronaves “também prejudicou sobremaneira o andamento das operações”.

“A resposta é clara e evidente de que houve falhas e demora no socorro de uma queda de avião no mar. É algo muito grave”, avaliou. “Eu fiquei doente quando peguei essa resposta, passei a noite em claro vendo cada uma das 222 páginas”, contou.

A FAB respondeu ao Metrópoles afirmando que cumpriu os padrões, “ficando evidente o total engajamento na missão”. Segundo a nota, as buscas foram suspensas após 10 dias, quando a “área referente ao provável local da queda” estava completamente verificada.

“As manutenções técnicas ocasionais, bem como as variações nas condições climáticas, fazem parte das missões, assim como as consequentes adequações necessárias, as quais foram realizadas prontamente, não tendo havido qualquer prejuízo ao andamento das buscas”, informou.

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