metropoles.com

Velório do PSDB arrasta-se sem data marcada para o sepultamento

O partido nasceu de uma costela do MDB e ao velho corpo rejeitado poderá voltar

atualizado

Compartilhar notícia

Divulgação
Doria se emocionou bastante ao agradecer os aplausos
1 de 1 Doria se emocionou bastante ao agradecer os aplausos - Foto: Divulgação

Se tudo tivesse saído como o planejado pelos coveiros do PSDB, o partido baixaria à sepultura o mais tardar amanhã, dando lugar ao nascimento de fato no MDB da candidatura da senadora Simone Tebet (MS) à Presidência da República, por enquanto sem a mínima chance de derrotar Lula e Bolsonaro em outubro.

Mas não. Os coveiros desentenderam-se na hora do enterro e preferiram prorrogar o velório. Assim, ficou para a próxima semana a reunião da Executiva do PSDB que decidirá entre o apoio a Simone e o lançamento de um novo candidato próprio que até ontem era o ex-governador de São Paulo João Doria.

No futuro, a História registrará que só dois nomes escaparam de ir para o buraco junto com o PSDB: Geraldo Alckmin, que se tornou candidato a vice de Lula, e Doria, que desistiu chorando de ser candidato por falta do mínimo apoio da cúpula do partido. Doria venceu as eleições internas, mas isso não contou ao seu favor.

Triste fim de um partido que se formou a partir de uma costela do MDB e que ao antigo corpo poderá retornar. Dali saiu porque o MDB de Ulysses Guimarães e de Tancredo Neves começara seu inexorável declínio. A parte boa do MDB era a de Mario Covas, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Tasso Jereissati e por aí.

Das oito eleições presidenciais pós-ditadura de 64, o PSDB ganhou duas e ficou em segundo lugar em quatro. Um bom saldo. Na mais recente, ocorreu o desastre: Bolsonaro tomou do PSDB seu eleitorado, e candidatos do partido a governos estaduais como Doria e Eduardo Leite no Rio Grande do Sul aderiram a ele.

Tombou o partido dos engravatados, sem militância organizada, sem capilaridade, sem unidade interna, essencialmente paulista, mas com apoio demais na mídia; tombou e não quis ou não soube se reerguer. No Congresso, funciona como linha auxiliar do governo Bolsonaro. Só se interessa por Orçamento Secreto.

Mesmo que decida apoiar Simone, parte do PSDB votará em Bolsonaro e uma parte menor, a mais emplumada e que ainda não perdeu a pose, votará em Lula no primeiro ou no segundo turno.

Compartilhar notícia