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Se a democracia não se defende, acaba destruída por seus inimigos

Bolsonaro, aqui, é o pior deles, mas não é o único

atualizado

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Reprodução/SPOL
golpistas fogem do senado federal pelas janelas
1 de 1 golpistas fogem do senado federal pelas janelas - Foto: Reprodução/SPOL

Os bolsonaristas estão incomodados com o rótulo de bolsonaristas. Atento ao fenômeno, o ex-presidente disse que não existe bolsonarismo. Antipetismo é bom que exista; antilulismo, melhor. Bolsonarismo, não. Existem direitistas, o que seria mais palatável.

No passado, político se envergonhava de ser apontado como de direita. Ninguém na UDN golpista era de direita. O PSD, criado por Vargas, era amortecedor de tensões; o PTB, trabalhista. Abrigo de fascistas, a Ação Integralista durou um sopro.

Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o príncipe dos sociólogos que flertou com o marxismo na juventude, combateu a ditadura militar de 64. Elegeu-se presidente e governou com o apoio da direita. Vá dizer que que o PSDB era ou é de direita… O partido reage.

Bolsonaro soube juntar todos os matizes da direita em torno de sua candidatura em 2018. Era preciso impedir a volta da esquerda ao poder. O PSDB, que fazia parte do enorme latifúndio da direita, tirou a máscara e apoiou Bolsonaro. E foi de casa pensado.

Diga-se a favor do ex-capitão, expulso do Exército por planejar detonar bombas em quartéis, que ele não enganou ninguém. Defendia a ditadura, a tortura e o fuzilamento de presos políticos.  Lamentou que Fernando Henrique não tivesse sido fuzilado.

E o crime mais infame que ele cometeu, o mais infame da história do país, já estava na memória coletiva. No impeachment de Dilma, Bolsonaro dedicou seu voto ao coronel Brilhante Ulstra, o terror de Dilma por tê-la torturado. Sequer foi advertido por isso.

Fora os fanáticos mais radicais, que não são poucos, quem se sente animado, depois da derrota de Bolsonaro, depois da tentativa fracassada de golpe em 8 de janeiro, em se associar a ele? Nem o general Hamilton Mourão, seu vice, que agora posa de democrata.

Ao dizer que não existe bolsonarismo, Bolsonaro quer distanciar-se do pior que existe e que sempre existirá no bolsonarismo fundado por ele. Mas não só. Tenta evitar que antigos aliados se sintam forçados a rejeitá-lo publicamente, como alguns já fazem.

A extrema direita continuará viva, embora menos forte. A pá de cal no bolsonarismo será jogada pela Justiça ao tornar Bolsonaro inelegível. Segundo a Constituição, direito absoluto só existe um: o da legítima defesa da vida. Você pode matar para não ser morto.

Mas, também segundo a Constituição, o regime político brasileiro é democrático, e contra a democracia não podem prevalecer impunemente os que pretendam destruí-la.

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