Refém do Centrão, Bolsonaro quer também o Centrão refém dele

Polícia Federal investiga a destinação de recursos do orçamento secreto

Da redemocratização do país em 1985 para cá, presidente da República algum mandou mais e tão acintosamente na Polícia Federal do que Jair Bolsonaro.  E nem precisou indicar o superintendente como pretendia e foi impedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Há meses, por ordem de Bolsonaro, a Polícia Federal investiga a destinação de parte do dinheiro do orçamento secreto da União, administrado pelos presidentes da Câmara (Arthur Lira, PP-AL) e do Senado (Rodrigo Pacheco, PSD-MG). Finalmente, há poucos dias, ela pediu ao Supremo a abertura formal de um inquérito.

Com uma mão, Bolsonaro deu o dinheiro para satisfazer o apetite do Centrão e manter unida sua base de apoio no Congresso. Com a outra, segundo a mais recente edição do Tag Reporter, das jornalistas Helena Chagas e Lydia Medeiros, mandou investigar as denúncias do mal emprego do dinheiro.

Sua intenção inicial não é de expor quem o tem ajudado a governar em troca de favores, alguns inconfessáveis, mas de deixá-los reféns dele. Incomoda muito Bolsonaro a história de que o Centrão manda e ele obedece. Se não dá para ser o contrário (ele manda e o Centrão obedece), que haja maior equilíbrio na relação.

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