Quem foi até agora o pior ministro da Saúde do governo Bolsonaro

Três médicos e um general

Parada dura escolher quem foi o pior. Em três anos de governo, o presidente Jair Bolsonaro teve quatro ministros da Saúde. Pela ordem: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga, o atual. Três médicos, um, Pazuello, general, autor da frase: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Mandetta tentou mandar e acabou dando-se mal com o início da pandemia. Bolsonaro foi contra tudo o que ele recomendou, e demitiu-o. Aconteceu o que Mandetta previu se o governo não combatesse a Covid-19 a tempo e com eficiência. O presidente deu passe livre ao vírus pensando que assim salvaria a economia.

Não salvou. Morreram até aqui mais de 620 mil pessoas. O número de mortos seria menor se o presidente da República não tivesse empurrado com a barriga a compra de vacinas. Teich pediu demissão com menos de 30 dias no cargo. Recusou-se a receitar cloroquina como queria Bolsonaro.

Pazuello fez tudo o que o seu mestre mandou. Especialista em logística militar, despachou para o Acre lotes de medicamentos destinados ao Amazonas. Cercou-se de militares tão incompetentes quanto ele, que admitiu nunca ter ouvido falar sobre o SUS. Para não perder a cabeça, Bolsonaro entregou a dele.

De longe, poderia ser considerado o pior dos ministros, mas o título vai para… Queiroga! Pazuello era um ignorante em matéria de saúde pública que se comportava como vassalo. Queiroga é médico, entende do riscado,  e é mais inteligente do que o general, mas tão vassalo quanto. Tem bom papo. É muito mais perigoso.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu parecer favorável à vacinação de crianças entre 5 e 11 anos. Como médico, Queiroga sabia que ela estava certa. Como ministro, pressionado por Bolsonaro, retardou o início da vacinação. Para isso, abriu uma consulta pública cujo resultado era mais do que previsível.

Com o mesmo objetivo, promoveu um debate entre peritos no assunto e falsos peritos. Possivelmente hoje, deverá anunciar que será feita a vontade da Anvisa, mas não só dela. A vontade de agências universais de saúde. Nos Estados Unidos e em países europeus, a vacinação infantil está a pleno vapor.

Queiroga sonha em candidatar-se ao Senado ou à Câmara dos Deputados por seu Estado, a Paraíba. Se for, deixará o governo no final de março próximo. Isso, contudo, não deve servir de consolo para ninguém. Para seu lugar, virá outro subserviente à sua imagem e semelhança. O problema é Bolsonaro.

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