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Pergunta que não cala: afinal, quem fala pelas Forças Armadas?

Sensatez, moderação e esperança não bastam para barrar tentativa de golpe militar

atualizado

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Igor Estrela/Metrópoles
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1 de 1 militares1 - Foto: Igor Estrela/Metrópoles

Sempre que uma nova ação promovida pelo governo Jair Bolsonaro empurra o país para o limiar de uma crise institucional, vozes moderadas repetem com esperança: não, mas as Forças Armadas não pensam assim e nem querem uma coisa dessas.

Como comandante supremo das Forças Armadas, o presidente da República não é quem fala ou deveria falar por elas? Se não é ele, quem seria? O ministro da Defesa? Ou os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica? Ou todos falam por elas?

No momento, Bolsonaro, o ministro da Defesa Braga Neto e os comandantes das três armas falam a favor da volta do voto impresso como se o eletrônico permitisse fraudes. E sugerem que os resultados das próximas eleições poderão ser contestados.

O Estado Maior de cada uma das três armas pensa diferente deles? Caso pense, então seria ele o real porta-voz dos sentimentos dos militares? Não seria mais realista admitir que Bolsonaro e os comandantes falam, sim, pelo grosso das tropas?

Uma vez que a disciplina e a hierarquia são os valores mais cultuados entre a gente fardada, parece impensável supor que ordens dadas pelos escalões mais altos fossem desobedecidas pelos escalões inferiores. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Isso tudo não quer dizer necessariamente que se desenha um golpe militar se Bolsonaro for derrotado ano que vem com voto impresso ou eletrônico. Mas quer dizer que entre os militares haverá forte disposição para isso. Dependerá de muitas outras coisas.

Relevar a hipótese de golpe, mesmo levando-se em conta que um golpe não se aplica mais como antigamente, é facilitar a vida dos que o desejam.

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