O desafio que tem o PSDB além de não conseguir votar nele mesmo

Dizem os otimistas que no fim tudo dará certo. Difícil é acreditar

Assim é se lhe parecer tão simples o desafio que o PSDB tem pela frente para eleger o próximo presidente da República. Tarefa 1: concluir o mais rápido a votação que escolherá seu candidato. Ela foi suspensa porque deu tilt no aplicativo. Não se sabe quando será retomada, porque se está à procura de outro.

Quem teria sido capaz de prever uma coisa dessas? Faltou um plano B. A direção do partido deveria ter previsto que algo do gênero poderia acontecer. Adotou um aplicativo que não fora testado e, ao ser, revelou-se frágil. Doze tipos de erros estavam no radar, segundo um estudo de 50 páginas. Ninguém levou a sério.

Tarefa 2: caso o PSDB consiga votar nele mesmo, e se não conseguir o melhor, é dar-se por vencido e apoiar o candidato de outro partido, haverá que se unir. Não importa que o vencedor das prévias seja João Doria (SP) ou Eduardo Leite. Ou que o deputado Aécio Neves (MG) seja contra candidato próprio.

Doria não gosta de Leite, que gosta de Aécio, mas não gosta de Doria, e esse é um dos problemas. À exceção de 1994 e 1998, quando elegeu presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB disputou aos cacos as eleições presidenciais seguintes – 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018. Disputou e naturalmente perdeu.

Tarefa 3: com candidato seu e unido, o partido terá que convencer outros partidos de que deve apoiá-lo, de que nunca como agora são grandes as chances de ganhar a próxima eleição. Para isso, seu candidato será obrigado a crescer nas pesquisas de intenção de voto. Por enquanto, Doria e Leite estão quase na lanterninha.

E essa será a tarefa (a quarta) mais complicada: conquistar o coração dos eleitores, uma pessoa, um voto. Na eleição passada, Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB, amargou, ao fim do primeiro turno, 5% do total dos votos úteis, descontados os nulos e em branco. Foi o pior desempenho do PSDB em uma eleição.

Será possível fazer tal dever de casa? Possível sempre é. Pouco provável, embora ainda lhe reste tempo, é que faça e tire nota 10.

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