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Lula não será a voz dos donos, mas o dono da própria voz

Se ele não mudar de opinião, o ministro da Fazenda será Haddad

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Ex-presidente Lula e Haddad em ato em São Paulo
1 de 1 Ex-presidente Lula e Haddad em ato em São Paulo - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

O governo perto do fim viu no que resultou sua política de estimular os brasileiros a se armarem quando um adolescente de 16 anos, filho de policial, invadiu dois colégios no Espírito Santo, matou três pessoas e deixou 13 feridas, algumas em estado grave.

O governo perto do início foi alvo de mais uma demonstração de desconfiança dos donos do dinheiro quando a Bolsa de Valores caiu e o dólar subiu mal havia terminado a fala aos banqueiros de Fernando Haddad, cotado para ministro da Fazenda de Lula.

O presidente eleito já anunciou que pretende anular uma série de decretos que transformou o Brasil em uma pátria armada. Mas isso não é o que importa aos donos do poder, como os chamou em livro célebre Raymundo Faoro, jurista, sociólogo e historiador.

Importa-lhes é quem mandará na economia, e o que poderão ganhar com isso. Não adianta Haddad dizer que os bancos serão bem tratados, que a reforma tributária será feita, e que o próximo governo espelhará a frente ampla que o elegeu.

Eles estão convencidos que Lula já escolheu Haddad para xerife da economia e não o engolem em tal papel. Nem mesmo com o contrapeso de ter no Ministério do Planejamento um economista liberal, com cara da terceira via que não emplacou na eleição.

Haddad, para eles, significa Lula dando ordens. E Lula não merece confiança – salvo se se dispuser a ser tutelado. Raros foram os donos do poder que votaram em Lula, apesar de sua decepção com Bolsonaro. Mas em Paulo Guedes eles confiavam.

Uma coisa é Lula honrar a palavra que deu de que seu governo será pouco petista e muito de centro. Foi o que ele disse durante a campanha e repetiu pelo menos quatro vezes nos dois discursos que fez na noite de sua vitória, um deles na Avenida Paulista.

Outra coisa muito diferente, depois de tudo o que ele passou e disposto a só governar por quatro anos, é Lula concordar em ser a voz dos donos. Ele quer ser o dono da própria voz. Afinal, os eleitos foram ele e Geraldo Alckmin. Os perdedores que se conformem.

O ministro da Fazenda só não será Haddad se Lula mudar de opinião. O PT precisa de um candidato para em 2026 suceder a Lula, e a construção de uma candidatura requer tempo. Haddad é um nome conhecido nacionalmente. Se for bem sucedido, será ele.

Lula desembarca amanhã à noite em Brasília. Mas não é provável que antecipe o anúncio de nomes de ministros, nem mesmo o de Haddad. Para o bem ou o mal, o senhor do tempo e do destino do seu governo é ele. Tem consciência de que não pode errar.

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