Os que votaram para reeleger Bolsonaro e os que taparam o nariz e votaram em Lula para livrar-se de Bolsonaro, agora se uniram para bombardear a possível indicação do advogado Cristiano Zanin para ministro do Supremo Tribunal Federal na vaga a ser aberta com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski, em maio.

Zanin foi o principal advogado de defesa de Lula nos processos da Lava Jato. É por isso que está sob fogo cerrado. Nada impede que Lula o indique, e que seu nome seja submetido ao exame do Senado. Argumenta-se, porém, que Lula não deveria fazê-lo justamente por ele ter sido seu advogado. Ora, ora, ora…

Em 2009, Lula indicou Dias Toffoli para ministro do Supremo. Antes, ele havia sido consultor jurídico da CUT, assessor jurídico do PT na Câmara, subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência da República e Advogado-Geral da União. Foi advogado de três campanhas de Lula (1998, 2002 e 2006).

Nem por isso o mundo caiu na cabeça de Lula; nem por isso Tóffoli sentiu-se impedido de votar a favor da condenação de petistas no caso do mensalão. O Supremo condenou estrelas do PT do porte de José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e Silvio Pereira. Toffoli, em 2018, votou contra recurso que poderia tirar Lula da cadeia.

O ex-juiz Sérgio Moro, hoje senador, é o maior cabo eleitoral de Zanin porque só o critica. O Supremo Tribunal Federal declarou que Moro foi parcial quando condenou e prendeu Lula por 580 dias. Ninguém mais do que ele demonizou a política, e com isso abriu passagem à eleição de Bolsonaro para presidente.

Para tornar-se ministro do Supremo, exige-se de um cidadão que tenha mais de 35 anos de idade e menos de 70 anos; notável saber jurídico e reputação ilibada. Zanin atende a tais exigências. Supõem-se que os dois ministros nomeados por Bolsonaro, Kassio Nunes Marques e André Mendonça, também. Ou não?