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Finalmente, o país acorda para o golpe planejado por Bolsonaro

Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Carta pela democracia é lida em ato na USP
1 de 1 Carta pela democracia é lida em ato na USP - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

A 51 dias do primeiro turno das eleições, o 11 de agosto poderia ter sido uma boa data para que o presidente Jair Bolsonaro celebrasse uma nova queda no preço do diesel, e mais uma pesquisa, a da Genial-Quaest, que o mostra crescendo em São Paulo, onde ele e Lula aparecem em empate técnico. Mas não foi.

Bolsonaro fechou o dia na desconfortável posição de quem tem que dar explicações, por mais que sejam inverossímeis. Foi o que acabou fazendo à noite em sua live das quintas-feiras. Disse que os manifestos em defesa da democracia divulgados horas antes foram assinados pelos que querem parecer bons moços.

Exibiu um exemplar da Constituição e perguntou: “Alguém discorda que essa daqui é a melhor carta à democracia? Alguém tem dúvida? Acha que um outro pedaço de papel substituiu isso daqui?” E, na sequência, para variar, mentiu. Disse que o PT não assinou a Constituição de 1988. O PT votou contra, mas assinou.

À época, Bolsonaro não passava de um militar expulso do Exército por indisciplina. Insatisfeito com o salário, foi garimpeiro sem autorização superior e planejou detonar bombas em quartéis. Seus filhos foram proibidos de estudar em colégios militares. E ele ainda não havia se lançado na política para tentar sobreviver.

Quando o fez, elegeu-se vereador pelo Rio e mais tarde deputado federal 7 vezes. Sempre pregou a volta da ditadura militar de 64 e a tortura dos que se opusessem a ela. Lamentou que a ditadura não tivesse matado mais gente, e que o presidente Fernando Henrique Cardoso não tivesse sido fuzilado. Mas votou em Lula em 2002.

O mesmo Lula a quem procurou interessado em indicar um nome para o Ministério da Defesa. O mesmo Lula a quem acusa agora de ser comunista, bêbado, favorável ao aborto e à liberação do uso de drogas, coisas, por sinal, que Lula não é. Não importa. Bolsonaro não tem compromisso com a verdade, nunca teve.

Presidente algum desde o fim da ditadura atuou para enfraquecer a democracia – menos ele que não perde qualquer chance de golpeá-la. É por isso que parte da sociedade se mobilizou para gritar “ditadura nunca mais” e “viva a democracia”, brados que fazem mal aos ouvidos de Bolsonaro e ameaçam sua reeleição.

Os brasileiros teriam mais o que fazer do que sair de casa ou do trabalho para ouvirem a leitura de cartas em defesa da democracia se ela de fato não corresse perigo, mas corre. E o perigo tem nome: Jair Messias Bolsonaro, segundo Michelle, sua mulher, o enviado de Deus para salvar a Pátria e a Família das garras do demônio.

Da direita à esquerda, do capital ao trabalho, o que mais se ouviu nos atos em defesa da democracia foi o pedido de respeito ao resultado das urnas em outubro, seja ele qual for. O que impede Bolsonaro de dizer que respeitará os resultados se ele se diz um um democrata naturalmente subordinado à Constituição?

Mesmo para a farsa há limites. Ele não pode dizer porque esse não é o seu plano. Se dissesse, metade do seu rebanho o largaria de mão, e sem apoio ele não poderia dar o golpe caso fosse derrotado. Às manifestações em defesa da democracia, ele responderá com o ensaio do golpe marcado para o dia 7 de setembro.

Finalmente, o país acordou. Tomara que não seja tarde.

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