Conselho a ser dado a Bolsonaro: vá cuidar dos netos

Avô é ser pai duas vezes

A quem Bolsonaro pensa que engana quando diz que se tivesse que liderar o país novamente durante a pandemia da Covid-19 “deixaria o assunto nas mãos do Ministério da Saúde”, sem se meter? Ou quando nega que tenha falado “em fraude” só por ter considerado “parcial” o processo eleitoral do ano passado?

Ao jornal americano The Wall Street Journal, ele afirmou essas coisas e outras mais. Faz parte dos seus preparativos para voltar ao Brasil em breve. Com ele, talvez não venha seu novo neto, ou neta, que nasceu em Washington. Atribui-se a paternidade ao Zero Dois, o vereador Carlos Bolsonaro, seu filho mais leal.

Avô é ser pai duas vezes. A mãe da criança era secretária do ministério da Economia encarregada da área de privatização de empresas. Ao engravidar ou antes um pouco, ganhou um emprego no Banco Interamericano de Desenvolvimento, presente do ministro Paulo Guedes. Fez parte do enxoval.

Faltou Bolsonaro dizer nas mãos de qual ministro da Saúde ele teria deixado o combate da pandemia. Nas de Henrique Mandetta, a quem demitiu por ciúmes? Ou por que Mandetta recusou-se a receitar cloroquina e a embarcar na história de que importante era salvar a economia, deixando morrer os que tivessem de morrer?

Ou teria deixado o combate à pandemia nas mãos do general Eduardo Pazuello, que nunca ouvira falar no Sistema Único de Saúde até virar ministro? O general ficou célebre pela frase “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, ao reconhecer que Bolsonaro era quem mandava, e que a ele cabia obedecer.

Quanto a ter posto em dúvida o processo eleitoral: nunca falou em fraude? Nunca pôs em dúvida a segurança do sistema de apuração de votos? Não disse desconfiar do voto eletrônico? Não pregou o retorno ao voto impresso? Por que não reconheceu a vitória de Lula? Por que fugiu para os Estados Unidos às vésperas do golpe?

Seus seguidores, não todos, são capazes de acreditar em tudo o que ele disser, mas os juízes que decidirão sua sorte, não. É com esses que deveria preocupar-se. O falso arrependimento não devolve a vida dos que morreram por incúria do pior presidente que o Brasil já teve. Por que não vai cuidar dos netos?

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