Foi-se o tempo, aqui e no resto do mundo democrático, onde chefes de Estado no início dos seus governos alcançavam taxas mais altas de aprovação e despertavam maiores esperanças.
Em países de regime autoritário, no início, no meio e no fim dos mandatos (quando há fim), as taxas são sempre altas. Ou por manipulação ou por medo dos governados de dizerem a verdade.
Pesquisa Datafolha sobre os primeiros 90 dias de Lula no poder conferiu que 38% dos brasileiros consideram ótima ou boa a sua gestão até agora, 30% regular, e 29% ruim ou péssima.
No final de março de 2019, a gestão de Bolsonaro foi avaliada como ótima ou boa por 32% dos entrevistados, regular por 33% e ruim ou péssima por 30%.
Se comparada à marca de 90 dias de presidentes em primeiro mandato, a aprovação de Lula se assemelha a de Fernando Henrique, Fernando Collor e Itamar Franco; só abaixo da de Dilma.
Há um porém: nas suas duas passagens anteriores pelo Palácio do Planalto, Lula começou a governar com popularidade maior – 43% nos 90 dias iniciais de 2003, 48% em 2007.
Quer dizer… Pode querer dizer muitas coisas. Uma: o tempo é outro, assim como Lula também é outro. O resultado da eleição do ano passado foi o mais apertado desde 1989.
O Brasil saiu partido da eleição de 2022 e continua partido. Se o segundo turno da eleição passada fosse realizado no dia seguinte ao que foi, Lula que o venceu poderia ter perdido.
Para ficarmos só em Minas Gerais: no primeiro turno, Lula derrotou Bolsonaro por 48,29% dos votos válidos contra 43,6%. No segundo turno, por 50,2% a 49,8%. Mais algumas horas…
Fernando Henrique, o primeiro presidente a se reeleger, terminou tão mal seu segundo mandato que não fez seu sucessor. Lula, o segundo a se reeleger, fez seu sucessor e o reelegeu.
Collor, que em 1989 derrotou Lula e se tornou o primeiro presidente eleito pelo voto popular depois do fim da ditadura, sofreu um impeachment. Dilma, que havia sido reeleita, também.
O desafio de Lula foi identificado por ele antes de derrotar Bolsonaro: reunificar o país. Levará muito tempo para conseguir, se conseguir. E mais tempo se não se dedicar à tarefa para valer.