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Cercado, Bolsonaro não pode ser quem ele é nem no cercadinho

A caneta mais poderosa da República está ficando sem tinta

atualizado

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Antonio Lucena
Antonio Lucena
1 de 1 Antonio Lucena - Foto: Antonio Lucena

Se as Forças Armadas desobedeceriam ordens absurdas do seu comandante supremo, o presidente da República, como admitiu Jair Bolsonaro ao celebrar mil dias no cargo, o governo, e os partidos que o apoiam deveriam sentir-se também desobrigados de obedecer a ordens absurdas. Não lhe parece razoável?

Apenas cinco horas depois de Bolsonaro ter anunciado que procurava um meio de reduzir o preço dos combustíveis, o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, reuniu-se com jornalistas e garantiu que a empresa não mudará sua política de preços: “Continuaremos a trabalhar da mesma forma”.

O Banco Central já se comporta assim há muito tempo. Seu presidente, o economista Roberto Campos Neto, acha que Bolsonaro só atrapalha a recuperação do país e deixou de levar em conta seus faniquitos. Paulo Guedes, ministro da Economia, esse é o contrário: pressionado por Bolsonaro, rende-se aos seus desejos.

O Congresso fortaleceu-se na mesma medida em que Bolsonaro se enfraqueceu. Ali manda o Centrão, em consórcio com partidos de esquerda que conseguem, vez por outra, emplacar o que lhes interessa. O orçamento secreto deixou a Câmara e o Senado à vontade para derrotar Bolsonaro sem a menor cerimônia.

Quando ele se irrita com isso, é logo lembrado: e o impeachment, hein? Vai correr o risco de não completar o mandato? Então, Bolsonaro põe o rabo entre as pernas. A Justiça tem material de sobra para enquadrá-lo. Vai encarar os inquéritos abertos que investigam a corrupção dos seus filhos? Nem morta, Jussara!

Não é um presidente apenas fraco, e cada vez mais. É um presidente cercado, que nem no cercadinho do Palácio da Alvorada pode mais dizer o que pensa. Um presidente sem partido, porque eles recusam sua companhia. Um presidente que teme ser expulso das plataformas que antes lhe davam abrigo.

Está proibido de mostrar a própria face construída ao longo dos últimos 30 e poucos irresponsáveis anos. Virou o Jairzinho. Não por sabedoria, mas para sobreviver até quando for possível.

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