Demonstração de amor, foi indiscutivelmente. Mas de inteligência, nem tanto. Flávio Bolsonaro, senador, conhecido pela condição de Zero Um, apelou para a velha tática de terceirização da culpa e do vitimismo para socorrer o pai em apuros.
Sabe-se que o ex-presidente Bolsonaro, até seu último dia no cargo, tentou liberar o conjunto de joias, avaliado em 16,5 milhões de reais, presente da ditadura da Arábia Saudita para Michelle, segundo Bento Albuquerque, ex-ministro das Minas e Energia.
Foram oito tentativas ao todo. Mas, a propósito, o que em entrevista à Folha de S. Paulo disse Flávio? O seguinte:
“Ninguém sabia o que tinha lá dentro. Podia ser um copo de água. E, se tivesse má-fé, ninguém ia fazer o trajeto de passar pelo raio-x da Receita, não ia trazer num voo comercial”.
Quer dizer: o pai se empenhou pela liberação do presente desconhecendo seu conteúdo, que poderia ser “um copo de água”. Porque se soubesse do que se tratava, ninguém correria o risco de fazê-lo entrar no Brasil passando pelo raio-x da Receita.
O presente para Bolsonaro, avaliado em 400 mil reais, entrou ilegalmente no país. Ainda não se sabe como, nem trazido por quem. No dia em que as joias de Michelle foram apreendidas, Bolsonaro almoçou com o embaixador da Arábia Saudita no Brasil.
Tudo faz sentido.