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Boletim do golpe (XXII): ministro da Defesa pisca para Moraes

E aconselha Bolsonaro a não radicalizar

atualizado

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Antonio Augusto/Secom/TSE
posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente e o ministro Ricardo Lewandowski como vice-presidente do TSE
1 de 1 posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente e o ministro Ricardo Lewandowski como vice-presidente do TSE - Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

O ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, deve ser bom de conversa. Depois de chamá-lo de “canalha” e de declarar que jamais voltaria a obedecer às suas ordens, Bolsonaro pediu arrego ao ex-presidente Michel Temer e deu para trás. Telefonou para Moraes e desculpou-se.

Paulo Sérgio Nogueira, general e ministro da Defesa, reuniu-se com Moraes para convencê-lo a aceitar as sugestões das Forças Armadas que, ao seu ver, tornam mais seguras as urnas eletrônicas e o sistema de apuração de votos. Saiu do encontro com o otimismo à flor da pele e foi direto a Bolsonaro contar tudo.

Até hoje, Bolsonaro resmunga que foi traído por Moraes. Que o ministro, depois de aceitar seu pedido de desculpas, prometera-lhe umas tantas coisas que acabou por não fazer – não diz quais foram. Falou-se em um misterioso acordão, mais tarde em um acordo, e pelo visto nem acordinho houve.

Nogueira disse a Bolsonaro que Moraes consultará a equipe técnica do tribunal sobre as sugestões apresentadas e que na próxima semana lhe dará retorno. Por isso, segundo ele, o melhor que Bolsonaro pode fazer é não usar o 7 de setembro para pôr em risco a ordem institucional e aumentar as tensões.

Em entrevista ao Jornal Nacional, cobrado duas vezes, Bolsonaro afirmou que aceitará, sim, os resultados das urnas de outubro, “desde que” as eleições tenham sido “limpas”. Quem dirá se elas foram ou não? O tribunal. É o que está na Constituição. Portanto, não interessa qual a opinião de Bolsonaro a respeito.

O “desde que” embute a ameaça de, uma vez derrotado, Bolsonaro alegar que as eleições foram roubadas. A Constituição lhe assegura o direito de alegar o que quiser, desde que cumpra a lei ao pé da letra. Ou seja: desde que vencido arrume as malas, passe as chaves do Palácio da Alvorada ao presidente eleito e vá embora.

Algum tipo de concessão Moraes deverá fazer para que o general e seus subordinados bolsonaristas se deem por satisfeitos, pondo um ponto-final nessa história de golpe. Mas nada que difira do que Moraes falou ao tomar posse como presidente do tribunal. Palavras dele, aplaudidas de pé pelos que defendem a democracia:

“Somos uma das maiores democracias do mundo. Estamos entre as quatro maiores democracias do mundo. Mas somos a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência. Isso é motivo de orgulho nacional.”

“A Justiça Eleitoral nada mais é do que um instrumento para o exercício seguro e transparente das escolhas democráticas em respeito à soberania da vontade popular, valor estruturante, essencial e imprescindível na construção e no fortalecimento de uma democracia estável, justa e solidária.”

“A democracia não é um caminho fácil, exato ou previsível, mas é o único caminho. A democracia é uma construção coletiva daqueles que acreditam na liberdade, na paz, no desenvolvimento, na dignidade da pessoa humana, no pleno emprego, no fim da fome, na redução das desigualdades.”

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