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Boletim do golpe (3): Cresce o uso dos militares contra a democracia

Presidente do Senado diz que não deixará a Justiça isolada

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Cerimônia de comemoração do dia do soldado no Quartel General do Exército agenda bolsonaro militares 15
1 de 1 Cerimônia de comemoração do dia do soldado no Quartel General do Exército agenda bolsonaro militares 15 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Aumenta a escalada do uso por Jair Bolsonaro das Forças Armadas contra a democracia, e a situação inspira sérios cuidados. Foi a essa conclusão que chegaram, por unanimidade, os poucos convidados da senadora Kátia Abreu (PP-TO) para jantar na quarta-feira (11/5) em seu apartamento na Asa Sul, em Brasília.

Além da anfitriã, fartaram-se com generosas porções de bacalhau os senadores Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). E os ministros do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, o mais antigo, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandoski.

Apesar de mineiro, Pacheco, presidente do Senado, destacou-se pela firmeza de suas declarações. Uma delas: “Não deixarei a Justiça isolada”. E menos de 24 horas depois, em Salvador, ao participar da abertura do Congresso Brasileiro de Magistrados, fez uma enfática defesa da democracia e do Poder Judiciário:

“É preciso haver um fortalecimento das instituições. Como disse o governador Rui Costa aqui, é inimaginável que chegássemos a 2022 precisando defender o Judiciário. Precisamos defender a democracia em tempos de atentados nocivos à sociedade brasileira”.

O sujeito oculto da fala de Pacheco foi Bolsonaro, que tenta, sem apresentar provas, desacreditar o processo eleitoral. É grande o medo que ele tem de não se reeleger e de ser preso depois que passar o cargo ao seu sucessor. Bolsonaro é investigado pelo Supremo por estimular manifestações antidemocráticas.

Como de hábito, quando se vê confrontado, ele recuou e se fez de santo. Bolsonaro chegou a sugerir que as Forças Armadas fizessem uma apuração paralela dos votos. Como resposta, ouviu do ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que em breve cederá o lugar ao seu colega Alexandre de Moraes:

“Quem duvida do processo eleitoral é porque não confia na democracia, e quem defende ou incita a intervenção militar está praticando ato de afronta à Constituição e à democracia. Não se trata de recado.. […] A Justiça Eleitoral está aberta a ouvir, mas jamais estará aberta a se dobrar a quem quer que seja”.

Então, Bolsonaro miou:

“Não existe interferência, ninguém quer impor nada, atacar as urnas, atacar a democracia, nada. Ninguém tá fazendo atos antidemocráticos. […] Então, prezado ministro Fachin, a gente não entende a maneira de o senhor se referir às Forças Armadas, que foram convidadas a participar do processo eleitoral”.

Voltará a rosnar logo mais.

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