No seu tempo de vassalo de Bolsonaro como ministro da Justiça, era impensável que Anderson Torres, delegado da Polícia Federal, ousasse bater de frente com o Gabinete de Segurança Institucional do general Augusto Heleno, e muito menos com o Exército.
Mas só quem já foi preso sabe o quanto isso é ruim. E, embora a prisão preventiva acabe um dia, ela pode ser prorrogada, e mais de uma vez. O destino de Torres (Gêmeas) depende do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Foi por isso que Torres piscou primeiro. Antes, recusava-se a colaborar. Chegou ao ponto de dizer com extremo cinismo que perdeu seu telefone em viagem aos Estados Unidos porque estava atormentado. Arrependeu-se? Talvez, não.
Mas, agora, por meio dos seus advogados, atribui a culpa pelo golpe fracassado de 8 de janeiro a falhas de segurança do Gabinete de Segurança Institucional. Diz que o Exército jamais permitiu o desmonte dos acampamentos bolsonaristas à porta de quartéis.
Se pensa que será solto pelo que diz, engana-se. Ou conta o que Alexandre ainda não sabe, ou arrisca-se a continuar mofando na prisão. Quem tem prazo não tem pressa. É o caso de Alexandre.