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A paciência do Centrão com Bolsonaro está chegando ao fim

Ou gasta o que pode e o que não pode ou será derrotado

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Presidente Jair Bolsonaro durante Solenidade alusiva à Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica e ao MECPlace no palacio planalto em brasília
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro durante Solenidade alusiva à Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica e ao MECPlace no palacio planalto em brasília - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Peça qualquer coisa a um político, menos que se suicide, ou que carregue o caixão de um aliado até a porta do cemitério. O político mais bobo, dizia o deputado Ulysses Guimarães (MDB-SP), conserta relógio suíço de olhos fechados e usando luvas de boxe.

O mundo gira, antigamente a Lusitana rodava, e Bolsonaro não dá sinais convincentes de que poderá se recuperar. O Centrão não exige mais que ele possa ultrapassar Lula antes do primeiro turno; espera, pelo menos, que Bolsonaro dispute o segundo.

Para isso, terá que diminuir seu alto grau de rejeição. Com 55% dos eleitores dizendo que não votarão nele de jeito nenhum, contra 35% que dizem o mesmo de Lula, Bolsonaro arrisca-se a morrer na praia. Arrisca-se a ver Lula se eleger no primeiro turno.

O pessoal do Centrão, o mais sabido que existe, só enxerga uma saída: Bolsonaro destravar a porta dos cofres públicos e sair distribuindo dinheiro por aí o mais rápido possível. Dinheiro que vá direto para o bolso dos eleitores que resistem aos seus encantos.

A partir de certo momento, a lei impede isso para que o governante, candidato ao mesmo posto, não conte com tamanha vantagem. Sim, mas e daí? Dê-se um jeito. Há sempre um jeito a ser dado, e nem a oposição ficará contra para não perder votos.

Um tsunami de grana, a essa altura, vai desgraçar a vida do futuro governo seja qual for? Dane-se. Bolsonaro quer continuar no Poder ou não? Caso gaste o que não teria para gastar, mas vença, terá valido a pena. Resolve-se depois promovendo um arrocho.

Dilma gastou além do que poderia ou deveria gastar para se reeleger, e depois promoveu um arrocho, o que antes negava que faria. É verdade que com isso perdeu apoio e foi impichada. Mas a história não é obrigada a se repetir. Que tal um general como vice?

O Centrão quer um político como vice de Bolsonaro, e indica Tereza Cristina (PP), deputada, candidata ao Senado no Mato Grosso do Sul, ex-ministra da Agricultura. Uma mulher, e Bolsonaro está muito mal junto às mulheres. Mas, um general…

Bolsonaro é refém do Centrão só por conveniência, não porque confie. Tereza é do Centrão. Ele ainda prefere ter como vice um general – e Braga Neto, general da reserva e ex-ministro da Defesa, está doidinho para ser o vice. Acha que hoje ganha pouco.

Desde que não cobice o lugar de presidente, a vida de vice pode ser uma maravilha. O palácio onde mora é mais acolhedor do que o Palácio da Alvorada; as mordomias são muitas, e as viagens internacionais também. O trabalho é quase nenhum.

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