Dos governos passados do PT, diz-se que aparelharam a Petrobras com a nomeação de diretores ligados a partidos políticos, postos ali para tirar vantagem de negócios bilionários e engordar as suas e as contas bancárias dos seus chefes.
Paulo Roberto Costa, engenheiro e diretor de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, foi um deles. Preso pela Lava Jato em março de 2014, delatou e foi condenado por corrupção. Era ligado ao PP de Arthur Lira (AL) e Ciro Nogueira (PI).

José Mauro Ferreira Coelho é químico, doutor em Planejamento Energético, ex-diretor da Empresa de Pesquisa Energética e ex-secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e EnergiaReprodução

Coelho tem 25 anos de experiência profissional, atuando nos setores de petróleo, gás natural e biocombustíveisReprodução/ Instagram

Ex-presidente do Conselho de Administração da Pré-Sal Petróleo (PPSA), empresa responsável por negociar contratos da União na área de pré-sal, José Coelho também atuou na Agência Nacional do Petróleo por 15 anos Reprodução/ Instagram

Coelho foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a presidência da Petrobras em abril de 2022. Após o Conselho de Administração da Petrobras aprovar o nome do químico, ele presidirá a pastaReprodução/ Instagram

Apesar disso, com a saída de Joaquim Silva e Luna, ex-presidente da Petrobras, o nome de José Mauro Ferreira Coelho só foi anunciado após o economista Adriano Pires e o empresário Rodolfo Landim desistirem de assumir os postos para os quais foram indicados pelo governoReprodução/ Instagram

Coelho é formado em Química Industrial, com mestrado em Engenharia dos Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), e possui doutorado em Planejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)Reprodução/ Instagram
Bolsonaro é um presidente de sorte. Quando à sua sombra está em curso alguma negociata de grande porte capaz de enlameá-lo se concluída, alguém descobre, denuncia, ela é abortada, e ele jura inocência. Tem nada de inocente, mas jura mesmo assim.
Lira, presidente da Câmara dos Deputados, Nogueira, senador e atual chefe da Casa Civil da presidência da República, bancaram a indicação para a presidência da Petrobras do consultor Adriano Pires, que substituiria o general Joaquim Silva Luna.
Não deu. Pires é consultor de empresas da área de energia e gás há mais de 30 anos; ajuda-as em negócios com a Petrobras. Haveria conflito de interesses. Não deveria ter sido sequer cogitado para o lugar do general. Sua nomeação durou o tempo de um suspiro.
Foi um vexame para Bolsonaro, submisso ao Centrão com a esperança de se reeleger. Para o Centrão, não foi um vexame. Foi um acidente de percurso, apenas mais um que em nada abalará a sua imagem. Emporcalhada ela estava, emporcalhado fica.
Mas Bolsonaro zela pela dele e pela imagem dos seus filhos, como tantas vezes já demonstrou sem sucesso. Então, ouviu o almirante Bento Albuquerque, ministro das Minas e Energia, e escolheu um nome técnico que estava ali pertinho para substituir Pires, o Breve.
José Mauro Ferreira Coelho, o terceiro presidente da Petrobras num período de três anos e três meses, foi secretário de Petróleo do próprio ministério e é uma pessoa de confiança do almirante. Foi engenheiro militar, mas isso não desabona ninguém, claro.
No momento, Ferreira Coelho é presidente do Conselho de Administração da PPSA, estatal que cuida da comercialização de óleo e gás que o governo tem direito em contratos do pré-sal. Ele tem um currículo respeitável, mas tem também um problema.
Como entende do assunto, defende a política de preços da Petrobras, motivo da queda do general Luna e do economista Roberto Castelo Branco que o antecedeu no cargo. Quando o preço do petróleo sobe lá fora, o dos combustíveis aumenta por aqui.
Bolsonaro é contra isso, mais ainda em ano eleitoral e com ele atrás de Lula nas pesquisas de intenção de voto. Lula também é contra e promete combustível mais barato caso vença em outubro próximo. Ferreira Coelho terá uma parada indigesta pela frente.