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Ucrânia pronta para a contra-ofensiva (Por Cristian Segura)

O chefe das Forças Armadas ucranianas divulgou um poderoso vídeo no qual dá a entender que a hora decisiva já começou

atualizado

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pessoas comemorando com bandeiras da ucrânia - metrópoles
1 de 1 pessoas comemorando com bandeiras da ucrânia - metrópoles - Foto: STR/NurPhoto via Getty Images

Quando os olhos de meio mundo se voltam para a contra-ofensiva ucraniana, que se prevê decisiva para o futuro da guerra lançada pela Rússia há 15 meses, algumas vozes no terreno em várias frentes de batalha afirmam que as primeiras etapas já começaram. E aumentam os sinais de que movimentos maiores e mais representativos podem ser iminentes. Valeri Zaluzhnii, chefe das Forças Armadas Ucranianas, lançou neste sábado (27) uma mensagem poderosa e desafiadora, na qual insinua que a hora decisiva começou: “É hora de defender o que é nosso”.

Com a mensagem, Zaluzhnii divulgou um vídeo, quase cinematográfico, que mostra as tropas ucranianas preparadas para o combate e algumas das armas fornecidas pelos aliados ocidentais: tanques Leopard 2 e lançadeiras Himars. Oleksii Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, também sinalizou que o ataque pode ser iminente e começar “amanhã, depois de amanhã ou dentro de uma semana”. É uma “oportunidade histórica” e o governo ucraniano “não pode falhar”, disse ele em entrevista transmitida à BBC britânica neste sábado.

Em alguns dos pontos mais estratégicos da linha de frente, como no Sul, na região de Zaporizhia, o turbilhão de preparativos é evidente, reconhece um uniformizado ucraniano estacionado na área. Em Bakhmut, na região de Donbass, foco dos combates mais sangrentos dos últimos 10 meses, o exército de Kiev, recuado para o perímetro da cidade, mudou sua estratégia para transformar o que definiu como “cidade-fortaleza” em uma ratoeira para as forças do Kremlin que enfrentam a contra-ofensiva. “Os últimos dias foram muito intensos. Saímos de Bakhmut, mas avançamos pelos flancos”, diz um soldado ucraniano da frente de batalha, em um posto avançado a três quilômetros da cidade.

Kiev está tentando transformar o inferno de escombros que antes era uma cidade de 70.000 habitantes em uma ratoeira para manter as forças do Kremlin – que já o controlam – ocupadas, embolsadas e aniquiladas. Uma operação que faz parte de um plano maior dentro da contraofensiva.

A Ucrânia, por razões óbvias, não vai anunciar quando e onde lançará a sua ofensiva, para a qual se prepara há meses e na qual espera capitalizar o armamento poderoso e moderno fornecido pelos aliados. Espera-se que tente avançar na frente sul e em duas frentes na região mineira do Donbass. Nas últimas semanas, já houve operações de invasão e ataques às armas do Kremlin. Mikhailo Podoliak , assessor de Zelensky, confirmou nesta quinta-feira: “A contra-ofensiva não será um evento único que começará em um dia específico, em uma hora específica, com o corte de uma fita vermelha. São dezenas de ações diferentes para destruir as forças de ocupação em diferentes direções, o que aconteceu ontem, o que acontecerá hoje e amanhã”, postou em suas redes sociais.

E neste grande quebra-cabeça de preparação para a contra-ofensiva na Ucrânia, o maior país da Europa, o estilhaçado Bakhmut continua a desempenhar um papel importante. Não resta quase nada ali, apenas os mercenários de Wagner e as tropas russas. A cidade ucraniana da província de Donetsk é hoje uma paisagem de completa destruição, como Guernica na Guerra Civil Espanhola, Grozny nas guerras da Chechênia, a devastada Berlim mostrada na Alemanha, Ano Zero. Mas ao contrário do filme de Roberto Rossellini sobre a capital alemã submersa após a Segunda Guerra Mundial, em Bakhmut a batalha continua.

(Trecho de reportagem do jornal El País)

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