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Rumo à uma nova Guerra fria? (por Eduardo Fernandez Silva)

Disputa entre expansionistas: EUA, Austrália e Reino Unido se unem contra a China

atualizado

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No início deste setembro, foi anunciada a formação de uma aliança entre EUA, Reino Unido e Austrália, chamada Aukus. Seus líderes informaram que o objetivo é confrontar o expansionismo da China. Assim, a expansionista China será confrontada pelos expansionistas da Aukus. Qual futuro esperar dessa disputa?

Não se pode ter certeza, pois o futuro não está 100% determinado. Em parte, ele depende do que fizermos hoje. Em parte, porém, está sim definido: a população vai crescer e envelhecer, eventos climáticos extremos já são e se tornarão ainda mais frequentes, a oferta de peixes vai cair (a criação em cativeiro pode aumentar, mas seu impacto ambiental negativo poderá restringir tal crescimento!), a área desertificada aumentará, entre outros desafios.

Nesse quadro, se não mudarmos nosso modo de vida por bem – dialogando, negociando, construindo um futuro comum, reduzindo aqui, aumentando ali, buscando a melhoria constante da qualidade de vida dos mais carentes –, mudaremos por mal.

Escassez crescente, secas e enchentes maiores, rios secando e consequente (no Brasil) falta de energia, disputas mais e mais acirradas por água, pressões migratórias rumo a melhores condições de vida, infraestrutura precarizada e muitos outros horrores forçarão mudanças.

Talvez algum cientista descubra uma maneira de nos alimentarmos de plásticos e, então, as doenças (muitas ainda desconhecidas) decorrentes do crescente aumento de plástico em nossas dietas poderão ser enfrentadas. Talvez não.

Não é a busca de soluções para tais problemas o propósito da aliança entre EUA, UK e Au. Eles, tão expansionistas quanto a China, acusam este último de expansionismo!

A prioridade da Aukus, como anunciado, é dotar a Austrália de submarinos nucleares. Outras prioridades são inteligência artificial e cibersegurança. Logo, o caminho dessa disputa entre expansionistas tende à guerra. Infelizmente! Reações de autoridades chinesas à tal aliança confirmam essa tendência.

Os três países que se juntam e o quarto a que se opõem nessa disputa têm problemas comuns que melhor seriam enfrentados fortalecendo a paz e a cooperação: miséria, desemprego, moradia, desertificação, incêndios florestais, poluição, lixo, congestionamentos, falta d’água, precariedade no tratamento da saúde e na educação (que nesses quatro é bem melhor que em muitos outros, mas ainda assim cheia de problemas), e …… , precisa listar mais problemas?

Mas o futuro pode ser diferente. Não é Joe Biden, Boris Johnson e Scott Morrison? Ajudem a redirecionar essa disputa! Xi Jinping, ajude também! Pensem com cabeças do século XXI, e não como servos do “complexo industrial militar”, sobre cujos riscos já nos advertia Eisenhower, há mais de meio século!

 

Eduardo Fernandez Silva. Ex-diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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