Rui Costa x Brasília: erro do ministro em Itaberaba (por Vitor Hugo)
Acossado governador do DF, desde os episódios golpistas do 8/1, Ibaneis Rocha, saiu das cordas e foi para cima do ministro petista
atualizado
Compartilhar notícia

O ministro chefe da Casa Civil, no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, Rui Costa (PT) esqueceu, semana passada, do tamanho do planeta quando o assunto é comunicações – no pós teoria da “aldeia global” de Marshall McLuhan e, na prática, com as recentes conquistas tecnológicas – telefone celular à frente. Em palanque político fora de época, em Itaberaba, interior da Bahia, danou-se a falar mal de Brasília: capital do País, mundialmente referencial cidade criada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, inaugurada pelo então presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira. Um estadista (de verdade), líder nacional nascido em Minas Gerais, de visão e conhecimentos vastos e profundos, muito além de seu tempo.
Líder e gestor de mão cheia, coube a JK, cumprir as proféticas visões do santo católico salesiano, Dom Bosco, sobre a redescoberta e crescimento do Brasil, a partir de seu Planalto Central. Atual paraíso do agro e celeiro mundial de alimentos, que a cada ano surpreende com sucessivas safras recordes de grãos e outros produtos, além, é claro, da relevância da capital federal em si. Mancada das grandes para um político a briga puxada com Brasília.
O erro do ministro, que comanda uma das pastas mais poderosas do governo da República – terreno de sensibilidades à flor da pele, sujeito a abalos ao menor descuido de comportamento político e pessoal, ou mesmo derrapadas verbais, – foi ter perdido a noção exata das armadilhas próprias do maleável e não raro pantanoso solo em que pisava(por ciúmes, interesses ou disputas de egos e de poder), neste caso, (ao que se comenta em nada sigilosos corredores baianos), terreno empapado de vinho e de incenso, dois inimigos constantes dos poderosos da vez. Gestor de pavio curto e de humor oscilante – na opinião tanto de adversários quanto de aliados – Rui Costa, em Itaberaba, durante agenda trivial do governo do “afilhado”, Jerônimo Rodrigues, tropeçou feio ao reduzir Brasília à condição de éden de burocratas bem pagos pelo cofre da viúva, gueto de políticos egocêntricos e eventuais donos do poder, que temporariamente habitam a cidade.
“Brasília é uma “ilha da fantasia”. Aquele negócio de botar a capital do país longe da vida das pessoas, na minha opinião, fez muito mal ao Brasil”, disse o ministro. Falou mais e ainda pior: “Era melhor [a capital] ter ficado no Rio de Janeiro, ou ter ido para São Paulo, para Minas ou Bahia, para que quem fosse entrar num prédio daquele, ou na Câmara dos Deputados ou Senado, passasse, antes de chegar no seu local de trabalho, numa favela, embaixo de viaduto, com gente pedindo comida, vendo gente desempregada”, ressaltou um dos mais poderosos ministros do atual governo. Um oposicionista não faria melhor!. Portanto, impossível algo assim passar batido, mesmo dito nos “canfundós do Judas”.
E deu no que deu: o acossado governador do DF, desde os episódios golpistas do 8/1, Ibaneis Rocha, saiu das cordas e foi para cima do ministro petista: “é um idiota completo” reagiu. “Mas agora sabemos de onde parte a má vontade do atual governo, em relação ao Fundo Constitucional, de Brasília”, acusou. Rui Costa refluiu, pediu desculpas pelo erro, e recebeu da neta de JK (Anna Christina Kubitscheck), um livro do avô sobre Brasília, que prometeu ler. O resto a conferir.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br