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Os cuidados do Governo Lula (por Ricardo Guedes)

Não há espaço para erros na política econômica do Governo

atualizado

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Ricardo Stuckert/PR
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia no Planalto
1 de 1 Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia no Planalto - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula foi eleito para manter a democracia, recuperar a economia, com probidade administrativa. Não há espaço para erros na política econômica do Governo.

Início conturbado, devido a variáveis exógenas. O “Plano A” seria o ato de exceção com a anulação das eleições e intervenção no TSE. O “Plano B”, a invasão do Planalto na expectativa da participação massiva dos Militares. O “Plano C”, a expectativa da insubordinação quem sabe gerando um levante. O “Plano D” é esperar na nuvem pelo que não vai acontecer. O Exército Brasileiro coloca-se, em sua maioria, legalista.

Três são os cuidados de Lula em seu Governo. O desenvolvimento econômico e social, o equilíbrio fiscal, e a probidade administrativa devido às composições políticas para governar feitas no Congresso.

Lula foi eleito com 51% dos votos válidos em 2º turno, 39% do total do eleitorado, Bolsonaro 37%, abstenção, brancos e nulos em 24%. O ativismo político subterrâneo vai sendo desmantelado. As ações administrativas de governo tomam corpo. Segundo pesquisa do IPEC, 64% dos Brasileiros acham que Lula está no caminho certo. Cresce o apoio, no momento, a seu Governo.

No Brasil, na 6ª feira que precedeu as eleições o dólar estava a R$ 5,35. Na 2ª feira, um dia após as eleições, o dólar caiu para R$ 5,26, qual o alívio com a derrota de Bolsonaro. Às vésperas da posse, o dólar chegou a R$ 5,28, abaixo do índice prévio às eleições. No dia 2 de janeiro, o primeiro dia útil após a posse, o dólar abriu em R$ 5,36, na expectativa do mercado das políticas a serem adotadas. Com o anúncio completo da área econômica com Haddad, Alckmin e Tebet e a reunião Ministerial em 6 de janeiro, o dólar caiu para R$ 5,23. Na 2ª feira 9 de janeiro, um dia após a tentativa de golpe, o dólar variou para R$ 5,26, expressando a firme reação do Governo e estabilidade das instituições. Em 25 de janeiro o dólar fecha em R$ 5,07. Reage bem o mercado ao início do Governo, como voto de crédito.

A eliminação da fome e da pobreza é uma política de fundamental importância, prioritária, que realmente depende do Governo a fazer e alcançar. Além, certamente, da reconstrução do país, devido ao danoso legado de Bolsonaro. Hoje, entretanto, há um consenso no mundo de que as políticas econômicas empresariais e sociais não são excludentes, mas complementares, pautadas nos limites do equilíbrio fiscal. A democracia tem que funcionar na solução da economia e do social, sob pena do recrudescimento das direitas radicais.

O apaziguamento institucional é fundamental para o início do Governo. Não há espaço para erro e o tempo é um bem escasso que não pode ser perdido.

 

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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