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O portador da esperança (por Antônio Carlos de Medeiros)

Lula entrou em campo para valer nestas duas últimas semanas. Percebeu que era chegada a hora da “Realpolitik

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Lula se encontra com Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, em sua residência oficial. Na foto, ambos apertam as mãos e sorriem para as fotos - Metrópoles
1 de 1 Lula se encontra com Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, em sua residência oficial. Na foto, ambos apertam as mãos e sorriem para as fotos - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente eleito está se constituindo como portador da esperança para a solução do maior problema nacional: o problema da exclusão social. Que ameaça a paz social.

A tarefa é gigantesca. Requer, mesmo, um presidente com capacidade de negociação e persuasão. Requer, mesmo, a construção de um novo Contrato Social. Tenho repisado este argumento do novo Contrato Social, mesmo com o risco de cansar os leitores. É uma emergência a ser superada nos próximos dois a quatro anos.

Relembrando os clássicos da literatura política, precisamos ter mais de Rousseau – a visão da sociedade dos homens-bons, capazes de um contrato social -, e menos de Hobbes – a visão do Estado do homem-lobo-do-homem. Mais de Tocqueville – a participação e a cidadania -, e menos de Platão – a República dos sábios e letrados.

Mais de Política e mediação. Menos de confronto e autoritarismo.

É nesta direção que a Política nacional parece estar indo. Lula entrou em campo para valer nestas duas últimas semanas. Percebeu que era chegada a hora da “Realpolitik”. A governabilidade vai passar pela adoção da realpolitik. E pela vitória na batalha da opinião pública e da opinião publicada – incluindo as redes sociais.

Será na trilha da realpolitik (expressão cunhada por Willy Brandt na experiência da social-democracia alemã) que o governo Lula poderá ser capaz de construir um governo de mudança e reconstrução. A trilha da prática de alianças políticas e da formação de coalizões.

A instalação, no governo, da Frente Ampla formada nas eleições. Governo representando a mediana da representação política no Congresso Nacional. E as forças da sociedade civil que se uniram em defesa da democracia. A formação do ministério já começou nesta direção.

Três prioridades foram/são os primeiros focos da realpolitik de Lula. A votação da PEC da Transição, para garantir as promessas de campanha e os pressupostos da governabilidade. A designação do ministro da Fazenda, para ancorar as expectativas econômicas. E a designação do ministro da Defesa, para contornar uma desordem militar e crise política.

Tudo somado, o desate, em curso, desses três nós górdios, ainda no aquecimento para entrar em campo, é requisito para ancorar as expectativas políticas e sociais.

Num ambiente de complexidade política, heterogeneidade e conflitos, só mesmo a adoção do caminho da realpolitik.

Neste ambiente, a mudança e a reconstrução requerem mais democracia. Que, por sua vez, requer (outra vez) a prática da formação de alianças de governo e de construção de uma (nova) coalizão de poder. Nova coalizão de poder. Este é o nome do jogo.

Temos um longo e acidentado caminho pela frente, em 2023.

 

*Pós-doutor em Ciência Política pela The London School of Economics and Political Science.

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