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Desenhos nas nuvens: Wagner no 3° governo Lula (por Vitor Hugo Soares)

No tabuleiro estratégico do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

atualizado 31/12/2022 1:16

José Cruz/ Agência Brasil

Difícil não recorrer ao folclore político mineiro, que fala das velozes mudanças das aparências das nuvens no céu, diante da postura atual do senador Jaques Wagner (PT), que vai liderar a bancada governista no senado – ex-governador da Bahia e um dos coordenadores nacionais da campanha presidencial vencedora – no tabuleiro estratégico do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que toma posse amanhã (01/01/23), governo que, de fato, começou bem antes do último caminhão de mudanças, do tempestuoso, agora quase mudo inquilino da residência oficial, Jair Bolsonaro, deixar o Palácio da Alvorada e seguir para o seu futuro endereço, na zona do Jardim Botânico de Brasília, para afazeres ainda desconhecidos, a partir da semana que vem.

“Olho vivo, que cavalo não desce escada”, diria o colunista famoso de O Globo, Ibrahim Sued, se ainda estivesse por aqui.

E retorno ao senador Wagner, pois não quero me perder no caminho, ainda repleto de surpresas e armadilhas, a exemplo do caminhão com carga de explosivos, encontrado perto do aeroporto de Brasília, que sugere repelente montagem de ato terrorista na capital, palco da festa cívica e cultural para a posse do novo presidente. Patranha golpista de última hora.

Lembro: pouco antes da campanha do candidato da frente democrática começar a engrenar, o senador pelo PT da Bahia – que se mudara para São Paulo, para atuar na linha de frente do embate presidencial – desembarcou em Salvador, de surpresa, para dar a célebre entrevista na Rádio Metrópole, (ao apresentador Mário Kertész, ex-prefeito da capital), que demoliu as articulações até então realizadas, e virou tudo de pernas para o ar. No seu estilo típico – voz mansa, sem gritos, de articulador reconhecido e provado, em outras crises. Com informações colhidas diretamente, junto ao amigo Lula, e quase todas as cartas nas mãos, na entrevista que “correu solta”, nas passagens principais do recado a ser dado.

Destaco um trecho referencial: “Lula deseja que Rui Costa permaneça onde está, à frente do governo estadual, e não renuncie para concorrer ao Senado, passando o cargo para o vice João Leão. Ele disse que tem posto ministerial e de primeiro escalão para o governador, caso seja eleito”, adiantou o entrevistado. E, em seguida: “Lula gostaria também que Otto Alencar não disputasse o Palácio de Ondina (como já estava engatilhado ), pois considera o senador, pelo PSD, um dos maiores e melhores parlamentares do país, e quer contar com ele no Congresso”, pontuou . Quanto a mim (você sabe, não é Mario?), Lula conhece o meu livre trânsito pelas principais embaixadas em Brasília, e da minha facilidade na conversa com embaixadores, e pensa em aproveitar em seu governo o que ele vê como uma de minhas habilidades na política”, contou . De tudo, só a parte relativa ao próprio petista não se cumpriu (até aqui). Wagner tem dito e repetido que prefere continuar no Senado”, pois “é no Congresso onde as coisas de interesse para o país acontecem, diz, aparentemente desapegado de outros interesses no poder. Mas é indicação dele o nome de Bruno Monteiro (seu assessor de confiança no Senado), para secretário estadual da Cultura no governo de Jerônimo Rodrigues. Na política baiana este é um cargo crucial. Há até quem aposte, desde já, que é no céu de Salvador e da Bahia, que passam as nuvens regentes do destino de Jaques Wagner. A conferir.

 

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br

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