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As Eleições no Brasil e as Midterms nos EUA (por Ricardo Guedes)

Tanto as eleições presidenciais no Brasil e as Midterms nos Estados Unidos têm um ponto em comum: o voto pela democracia

atualizado 25/11/2022 0:56

Bolsonaro e Trump Mark Wilson/Getty Images

No Brasil, Bolsonaro foi eleito em 2018 como candidato de 3ª via no então desgaste do PT e do PSDB, com discurso de direita contra a “Velha Política” e pauta de costumes. Durante o seu governo, o PIB caiu de US$ 1,9 trilhões para US$ 1,6 trilhões. Em 2022, Bolsonaro perde as eleições para Lula, Lula com 51% e Bolsonaro com 49% dos votos válidos.

Nos Estados Unidos, Trump foi eleito em 2106 como candidato de 3ª via no então desgaste das elites políticas tradicionais dos partidos Republicano e Democrata, com discurso de direita nacionalista e política econômica liberal. Durante o seu governo, o PIB aumentou de US$ 19 trilhões para US$ 21 trilhões em 2019, caindo 2% em 2020. Em 2020, Trump perde as eleições para Biden, Biden com 51% e Trump com 47% do voto popular. Nas eleições de Midterm nos Estados Unidos neste ano de 2022, a esperada “onda vermelha” Republicana não aconteceu. Apesar da inflação em 8,5% e da popularidade de Biden estar hoje em somente 40%, os Democratas mantiveram o controle do Senado e os Republicanos obtiveram o controle da House de Deputados, por margem, entretanto, estreita. A maioria dos candidatos ligados à Trump não obtiveram maior sucesso.

Bolsonaro e Trump têm alguns pontos em comum. Primeiro, ambos foram eleitos como alternativas de 3ª via, à direita. Segundo, ambos lidaram equivocadamente com a crise do Covid; o Brasil com 2,7% da população mundial e 10,4% dos óbitos totais; os Estados Unidos com 4,2% da população mundial e 16,6% dos óbitos totais. Terceiro, no final de ambos os governos o PIB decresceu significativamente, 16% no Brasil de 2018 a 2021, 2% nos Estados Unidos em 2020. Quarto, ambos perderam as tentativas de reeleição em seus países como incumbentes, fato inédito no Brasil desde a Constituição de 1988 e fato pouco comum nos Estados Unidos em 200 anos de democracia. Quinto, ambos não reconheceram os resultados das eleições em seus países; Bolsonaro com o episódio dos movimentos dos caminhoneiros com o bloqueio de estradas e presença de parcela de eleitores à frente dos quarteis do Exército; Trump com o episódio da invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Tanto Bolsonaro como Trump terão dificuldades na possível tentativa de serem eleitos para Presidente em seus países futuramente. Bolsonaro, com 20% de núcleo eleitoral duro e 1% de radicais, tende a diluir o seu voto; Trump, com os resultados das Midterms, tende a diminuir seu espectro de influência. Observa-se a tendência de governos cada vez mais autocráticos no mundo devido a dificuldades das democracias em reduzir a desigualdade e a chegada da crise ecológica que limitará o acesso a bens e serviços por parte da população, mas, no momento, a democracia venceu. Que as democracias sejam mais efetivas.

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus