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A percepção de corrupção no Governo Bolsonaro (por Ricardo Guedes)

O clima na opinião pública, com o desastre da economia e do combate à corrupção, é de tirar Bolsonaro do governo através do voto

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Presidente Jair Bolsonaro discursa durante cerimônia “Brasil pela Vida e pela Família 1
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro discursa durante cerimônia “Brasil pela Vida e pela Família 1 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Recentemente vimos o ataque à Pesquisa XP/IPESPE, uma das mais renomadas pesquisas do país. A XP, uma das maiores e mais importantes instituições financeiras do país, e o IPESPE, de Antônio Lavareda, emérito acadêmico e profissional. Um verdadeiro atentado à autonomia empresarial, ao livre exercício da profissão, e à liberdade de expressão.

A Pesquisa XP IPESPE, conforme noticiado, estaria trazendo a aferição de Lula ser percebido como mais honesto do que Bolsonaro, na casa de 35% positivos para Lula, e 30% para Bolsonaro. Porque grupos Bolsonaristas reagiram tão fortemente à possível divulgação desta informação? A resposta é simples. Bolsonaro encontra-se atrás nas pesquisas em posição praticamente cristalizada, restando o argumento, na percepção de seu grupo, da não idoneidade de Lula e do PT para assumirem o governo, como tentativa eleitoral. A recente ação da Polícia Federal em relação ao MEC reforça a possibilidade de corrupção no Governo Bolsonaro.

Nas Pesquisas ISTOÉ Sensus, foi aferido que a corrupção é percebida como tendo aumentado no governo Bolsonaro em relação aos governos passados por 41,6%, contra 36,3% que acham que não. A política econômica tem sido conduzida de forma inadequada para 65,0%, e adequada para 21,4%. A democracia no país está ameaçada para 68,8%, e 89,4% acham importante sua preservação. Ou seja, o Governo Bolsonaro é percebido como mais corrupto, sendo ele próprio o atentado à democracia, os dois principais temas da campanha que se aproxima.  Engana-se o Governo Bolsonaro de que a censura à informação modifica a sua percepção, cerne do aferido.

São quatro as principais elites no Brasil. A financeira, industrial, agrobusiness, e produção mineral. As elites hoje almejam a maior estabilidade do país para a sequência de seus negócios, não a conturbação. Os bancos e instituições financeiras tradicionalmente fazem pesquisas eleitorais em todo o mundo e no Brasil como base de informação a seus clientes na alocação de seus assets. A intervenção direta do Governo em decisões empresariais do setor financeiro soou mal na Faria Lima, assim como a tentativa de controle dos preços da Petrobrás, empresa com ações no mercado internacional, e o recente pedido de controle de preços aos supermercados, em atitude antiliberal.

Em 1964, havia clima na opinião pública contra o Governo João Goulart, com a expropriação de terras ao longo das estradas para a reforma agrária, e nacionalização de empresas estrangeiras, sendo o governo deposto pelos militares. Em 2002, o clima na opinião pública, com o desastre da economia, é de tirar Bolsonaro do governo através do voto. No pós-eleitoral, em Bolsonaro perdendo as eleições, resta saber se vai haver a tentativa de golpe, sem respaldo na opinião pública, no empresariado, e entre a maioria dos militares. O Brasil deve estar suficiente preparado, nos termos a lei, para evitar tal situação.

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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