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A junção do PSDB e do PMDB (por Ricardo Guedes)

Uma eventual chapa formada por João Doria e Simone Tebet mais se auto anula em seus votos e rejeições do que agrega valor

atualizado

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Montagem com fotos de Fabio Vieira/Metropoles e Pedro França/Agência Senado
Montagem com fotos do governador João Doria e da senadora Simone Tebet
1 de 1 Montagem com fotos do governador João Doria e da senadora Simone Tebet - Foto: Montagem com fotos de Fabio Vieira/Metropoles e Pedro França/Agência Senado

A junção de dois candidatos não gera necessariamente um produto agregado. Dois candidatos podem somar os seus votos; dois candidatos podem se subtrair em suas rejeições. Na série de pesquisas aferidas pela Sensus, em 95% dos casos os candidatos se subtraem, em 4% não se atrapalham, em 1% se adicionam nas eleições.

Uma eventual chapa formada por João Doria e Simone Tebet mais se auto anula em seus votos e rejeições do que agrega valor, gerando um produto na melhor das hipóteses igual às suas candidaturas individuais, senão de menor alcance.

Na última pesquisa ISTOÉ Sensus, Lula obteve 43,3% das intenções de voto, Bolsonaro 28,8%,

Doria 2,6%, Simone Tebet 0,8%; Ciro Gomes com 6,3%, outros candidatos 3,3%; indecisos, brancos e nulos 14,9%. Quando perguntamos se votaria ou não em cada candidato, em Doria o limite de voto seria de 29,8% que poderiam votar, 49,4% de rejeição, com 18,9% que não conhecem o candidato; em Tebet, o limite de voto seria de 17,4% que poderiam votar, 32,5% de rejeição, com 48,5% que não conhecem a candidata. Em geral, a proporção dos que não conhecem os candidatos tende a se repartir proporcionalmente entre a possibilidade de voto e a rejeição.  Para 100% de conhecimento dos candidatos, Doria apresentaria rejeição de 62,4%, e Tebet 65,0%, em rejeições equivalentes. No cruzamento dos votos e rejeições de Doria e Tebet, os votos dos que poderiam votar tanto em Doria e em Tebet somam 10,7% do eleitorado, os que autoexcluem o outro candidato somam 10,2% do eleitorado, o restante indefinido com relação ao voto na chapa. A chapa seria menor, ou no máximo igual, dependendo de campanha, à soma de suas partes.

Adicionalmente, as dificuldades de uma 3ª via são significativas. Estamos em uma eleição polarizada, de um lado Lula com um recall positivo de seu governo onde o PIB aumentou de US$ 700 bilhões em 2002 para US$ 2,2 trilhões em 2010, e Bolsonaro com problemas na economia com o PIB diminuindo de US$ 1,9 trilhões em 2018 para US$ 1,3 trilhões em 2021. Na percepção dos eleitores, Bolsonaro representa o conservadorismo da direita extrema do antipetismo, e Lula o centro-esquerda em busca da normalização democrática e retomada do crescimento. A 3ª via, classicamente, surge quando existe um desgaste completo dos extremos, como foi com Collor em 1989 com o PMDB e Brizola, e Bolsonaro em 2018 com o PT e o PSDB, o que não ocorre agora.

A junção do PSDB e do PMDB como 3ª via em uma eleição polarizada apresenta dificuldades para a sua maior viabilidade. Mas, como diz o dito popular, “mineração e eleição só depois da apuração”. A ver.

 

Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus

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