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A corda bamba de Gabriel Boric no Chile

Boric quer trazer o estado de bem-estar social a um país afogado pelo neoliberalismo

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Cris Saavedra Vogel/Anadolu Agency via Getty Images
Gabriel Boric é o presidente mais novo do Chile
1 de 1 Gabriel Boric é o presidente mais novo do Chile - Foto: Cris Saavedra Vogel/Anadolu Agency via Getty Images

Gabriel Boric foi empossado na última sexta-feira (11) e seus primeiros dias foram carregados de simbologias, acenos e promessas. Como qualquer novo mandatário, não lhe faltam desafios: acalmar as expectativas de sua base e convencer que seu mandato é uma transição após décadas de neoliberalismo; aprovar a nova Constituição e ampliar seu apoio no Congresso.

Em seu primeiro discurso, Boric confirmou as promessas de campanha. Justiça social, solucionar os conflitos dos povos originários – retirando as Forças Armadas dos territórios mapuches -, e reformas na Economia, Previdência e Educação. Pela primeira vez um presidente terá duas faixas presidenciais, a tradicional e outra com elementos que representam as 13 etnias do país.

Nesse amontoado de primeiras horas, Boric dançou a tradicional cueca em uma festa, criticou a igreja, saudou a estátua de Salvador Allende e fez referências ao ex-presidente em seu discurso, festejou seu ministério com maioria de mulheres e acenou apoio à cultura. Disse que vai cuidar da imigração ao país, tema muito sensível aos conservadores, sem esquecer direitos e princípios humanitários. Na Economia, vai manter a lógica e os acordos que o elegeram.

Na Fazenda, escolheu Mario Marcel, um economista que navega entre Meirelles e Mantega, no máximo um socialista de mercado preocupado com regras fiscais . Tem uma mensagem clara, as transformações sociais não estarão em compasso com as econômicas. Essa é umas das tensões principais de sua coalizão vitoriosa com o mercado. Como expandir a proteção social, manter o crescimento econômico e a saúde das finanças estatais, sem aumentar a dívida pública nem a inflação? Uma das respostas é aprovar sua reforma tributária.

No Congresso não terá vida fácil. Se conseguiu unir diferentes setores da esquerda em sua campanha, agora terá que convencer o centro e a centro-direita a apoiá-lo em alguns projetos. Longe de perder, Boric não está nem perto de ganhar com a eleição de Álvaro Elizalde, do Partido Socialista, à presidência do Senado, e Raul Soto (PPD), base da antiga Concertación, à presidência da Câmara.

É um governo que se sustenta por uma coalizão com grandes diferenças ideológicas. Uma tradição de centro-esquerda que que já governou o país, de Ricardo Lagos a Michelle Bachelet, e uma juventude que exige transformações radicais, de que o próprio Boric emergiu, mas que agora terá que controlar.

Em seu discurso em La Moneda, o novo presidente reafirmou seu apoio à nova Constituição. Sua aprovação, dentro das expectativas do governo, é crucial, como disse o ministro e companheiro de lutas estudantis Giorgio Jackson. “Boa parte das reformas que desejamos têm como principal obstáculo a atual Constituição. Uma nova Constituição é uma condição sine qua non para alcançar nossas agendas”

A tarefa do presidente é manter seu eleitorado com os pés no chão frente a lentidão institucional. “Não pretendo em um dia, em alguns minutos, em quatro anos mudar tudo o que está ruim. A história é muito maior do que cada de nós. Vamos deixar trabalho para os que virão”

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