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O Ernesto tem aconchego e gostosuras, mas o atendimento…

A parte de trás do Ernesto Café lembra um pouco o jardim da minha casa. Aquela mangueira, as pedrinhas e as cadeiras em metal nos levam a um saboroso ambiente. Ali talvez devesse ter uma plaquinha em que estive escrito: a tranquilidade é aqui. E tranquilidade combina com leveza, sorriso, artesanato, produtos bem elaborados, carinho […]

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A parte de trás do Ernesto Café lembra um pouco o jardim da minha casa. Aquela mangueira, as pedrinhas e as cadeiras em metal nos levam a um saboroso ambiente. Ali talvez devesse ter uma plaquinha em que estive escrito: a tranquilidade é aqui. E tranquilidade combina com leveza, sorriso, artesanato, produtos bem elaborados, carinho e atenção com o outro.

Digamos que o Ernesto Café tem quase tudo isso. A leveza está no ambiente, na sua proposta despojada. Ali, poderia ser uma extensão da casa de uma tia ou de uma avó bem moderninha. Poltronas de couro confortável, luz indireta, mesas e cadeiras de linhas retas, cerâmicas claras e pé direito alto.

(Calma, você não está lendo a coluna “Casa Nossa”, da Maria Fernanda Seixas, minha colega aqui do Metrópoles. Foi apenas uma pausa para mostrar que a arquitetura do ambiente agrega ao cliente um conceito, uma sensação).

O sorriso e o carinho estão estampados no rosto e na atitude da proprietária Juliana Pedro. Reparo essa moça trabalhando, meio de soslaio. E ela sua. Gosto de gente que trabalha e fica de bom humor. Para mim, demonstra que as coisas são feitas com paixão. Li por aí que ela anda suando bem na recém-aberta minifábrica de pães. Fez curso e tudo.

Já experimentei dali quase toda a padaria e, como uma viciada em pães de fermento natural, posso afirmar que o multigrãos foi o que mais me convenceu. Sabor e texturas incríveis. Destaque também para o ciabatta. No quesito brioche, ainda fico com o do Dylan Café, na 315 Sul.

Sobre o artesanato e os produtos bem elaborados…. Bom, o Ernesto Café é uma gostosura. O café espresso vem bem tirado. Seus grãos são de origem certificada, privilegiando a matéria-prima nacional. Um salve para Minas, Bahia e Paraná. Não deixe de experimentar as outras formas de extração, como o aeropress, prensa francesa e o tradicional coado. O Ernesto vai bem em todas. E, se o café puro não é a sua praia, vá de capuccino ou latte sem susto.

E o que falar da pamonha quentinha servida na folha do milho? De babar. Tem sabor de infância. Gosto de comer também os bolos. Alterno sempre entre o de limão com crostinha de açúcar e o de chocolate. Sei que poderiam ser mais molhadinhos. Com a padaria logo ali no subsolo, os sanduíches – que já eram bons — tiveram um upgrade.

O Ernesto me encanta por ter um conceito bem urbano. Ele poderia estar em qualquer cidade grande ou pequena que visitamos e, na volta, perguntamos: por que Brasília não tem isso? Tem sim. Lá tem apresentações musicais, feirinhas, boa comida, bons produtos, preços pagáveis e um clima arejado de ideias e comportamentos. Assim, todos querem frequentar.

Talvez por isso, chegamos a uma questão: o atendimento. Esse é de sentar, chorar, espernear. Não chega a ser desastroso, mas compromete a tal tranquilidade que falamos lá em cima. Você pede e espera. Espera. Espera e espera. Já testei ficar dentro, no jardim e no primeiro andar. Acreditem: as escadas parecem que agilizam o atendimento. É mais rápido sentar lá e o pedido chegar. Até entendo que, pelo fato de o local ser tão agradável, ocorra lotação e horários de pico. Mas isso não justifica a falta de preparo da turma de avental verde.

Com certeza, Juliana já sabe disso. Precisa agir antes que os fãs virem críticos, percam a paciência e ao invés do dizer “tranquilidade é aqui” digam “o caos é aqui”.

Cortês sim; omissa, não.

DEVO IR?
Sim. O Ernesto café vale várias visitas em vários momentos do dia.

PONTO ALTO:
Ótimo ambiente, pães artesanais, café tirado na medida e a pamonha assada na casca do milho.

PONTO FRACO:
Atendimento, atendimento, atendimento

ERNESTO CAFÉ
115 Sul, Bloco C, Loja 14, 3345-4182.

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