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Crise e renovação. A São Paulo Fashion Week não é mais a mesma

O Metrópoles acompanhou um dia inteiro de programação do evento, que está sendo realizado no Pavilhão da Bienal

atualizado

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Fernanda Calfat/Getty Images
Lenny Niemeyer – Runway – SPFW Summer 2017
1 de 1 Lenny Niemeyer – Runway – SPFW Summer 2017 - Foto: Fernanda Calfat/Getty Images

A 41ª edição da São Paulo Fashion Week (SPFW), que acaba nesta sexta-feira (29/4), mais uma vez movimentou a cena paulistana, trazendo um mix criativo de arte, música e, principalmente, moda. O Metrópoles acompanhou na última terça-feira (26/4) um dia inteiro de programação do evento que está sendo realizado no Pavilhão da Fundação Bienal do Parque do Ibirapuera e que, apesar de continuar tendo muitas novidades, vem se enxugando cada vez mais.

A história não é nova para quem cobre a semana de moda mais emblemática do Brasil. A indústria como um todo, apesar de ser uma das mais rentáveis do mundo, vem passando por um processo de reestruturação global em que o mercado não mais se sobrepõe ao público – cada vez mais preocupado com fatores inerentes a esse universo como sustentabilidade, consumo excessivo, trabalho escravo e, naturalmente, economia.

A celeridade da produção, algo explorado pelos grandes conglomerados com suas coleções-cápsula intermediando as estações, e o fluxo acelerado da informação de moda que leva ao hiperconsumismo, são alguns exemplos de como a desaceleração da produção se tornou algo urgente. Tanto para o público, que não consegue acompanhar a velocidade das tendências, quanto para o produtor que não consegue seguir o ritmo imposto pela indústria e, como disse o estilista Azzedine Alaïa em entrevista ao Style.com: “O ser humano não é uma máquina, principalmente quando se refere a criação”.

Quando se fala em semanas de moda ao redor do mundo, as mais visadas como Nova York, Londres, Milão e Paris também passaram por algum tipo de reinvenção. A New York Fashion Week, por exemplo, desde 2015 aposta em uma abordagem menos comercial e mais criativa com grande parte dos representantes dos patrocinadores em ambientes exclusivos, nos quais havia discussões ao vivo e instalações de arte. A necessidade de tal convergência também foi conferida no SPFW.

Em março deste ano, Paulo Borges, idealizador do evento, anunciou que o calendário seria modificado para que as peças desfiladas na passarela já estejam disponíveis para compra um dia depois ou até simultaneamente aos lançamentos no varejo.

A estratégia não é algo relativamente novo. Grifes como Burberry, Moschino e Tom Ford também já apostam nessa diminuição do intervalo entre as passarelas e as vendas e nessa espécie de resumo que ao invés de quatro desfiles anuais contará com apenas dois.

Além disso, o evento abandonou nomenclaturas baseadas nas estações. “A moda é global, o desejo é global. Não é a estação do ano que impulsiona a venda. E, no Brasil, faz sempre calor. Por isso, nós não vamos mais colocar na nomenclatura da SPFW nem Primavera/Verão nem Outono/Inverno”, disse Paulo Barros ao Estadão.

Outra diferença dessa edição em comparação as outras foi o line-up, bem mais conciso e sem a presença de algumas marcas de destaque no mercado brasileiro como a Colcci que, mesmo sendo uma das empresas de moda mais importantes do calendário, decidiu não se apresentar no evento por “questões estratégicas” e Alexandre Herchcovitch que se desligou da sua marca em 2016 sem dar muitas informações.

Fernanda Calfat/Getty Images

Para substituí-los, uma leva de estilistas e artistas novos como Paula Raia, Patrícia Bonaldi e Lilly Sarti vêm apresentando seus trabalhos. Compensando os novatos, uma parcela do grupo de jornalistas old school, como Glória Kalil, Lillian Pacci e Costanza Pascolato, ainda marca presença e acredita na informação de moda e, consequentemente, no evento.

Por outro lado, a essência do público geral que tem acesso aos desfiles é um fator bem mais preocupante.

Fotocopias de blogueiras famosas como Camila Coutinho e Thassia Naves e Lala Rudge–  que, por sinal, deram uma rápida pinta no evento –, se uniformizam como suas divas da web. 

Apesar das “wannabes” não serem algo relativamente novo (ainda mais em eventos de moda), são elas que formam grande parte do público — quase todo o tempo fazendo selfies durante os desfiles com seus celulares, agora equipados com lanternas.

Quando questionadas sobre o SPFW as respostas são quase iguais. Estão ali porque também querem ser blogueiras e ganhar brindes. Cláudia Pelegrino é uma dessas meninas. Fã confessa desse universo, a estudante de 21 anos que viu o desfile da Lolitta ao meu lado me pediu para tirar uma foto dela enquanto o desfile acontecia. Durante os 12 minutos de desfile, ela não olhou para as roupas. Apenas editou sua imagem e ficou olhando atentamente para Lala Rudge que, sentada na primeira fila, também olhava atenta para o celular.

(O repórter viajou a convite do Iguatemi Brasília)

 

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