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Rapper R. Kelly é acusado de manter um “culto” e aprisionar mulheres

Segundo os pais das vítimas e três mulheres que conseguiram sair, o cantor controla todos os passos das vítimas, que dizem estar apaixonadas

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Michael Loccisano/Getty Images
Ovadia & Sons – Front Row – New York Fashion Week: Men’s S/S 2016
1 de 1 Ovadia & Sons – Front Row – New York Fashion Week: Men’s S/S 2016 - Foto: Michael Loccisano/Getty Images

Na indústria da música e do showbiz não é raro escutar histórias de assédio. Homens poderosos, influentes e cheios de dinheiro atraem moças que procuram ajuda pra impulsionar sua carreira na esperança de se tornarem, elas mesmas, famosas. São muitas as que recebem a opção de pagar o auxílio com sexo e um acordo informal garante que o acontecido ficará debaixo dos panos. Até quando o arranjo ganha as páginas de jornais, poucas pessoas aceitam que o artista querido seria capaz de tal coisa.

Uma reportagem do Buzzfeed afirma que o rapper americano R. Kelly mantém uma espécie de culto, e a acusação não é a primeira feita a ele. O artista já foi levado ao tribunal várias vezes por assédio sexual, já respondeu por 14 acusações de produzir pornografia infantil. O maior dos escândalos foi por ter se casado com Aaliyah, uma cantora de 15 anos. Mas todas as vezes que Kelly teve que se explicar à Justiça, o julgamento acabou com um acordo onde ele pagava grandes quantias de dinheiro e, em troca, a história permanecia em segredo. Sem saber do resultado, o público acredita que o cantor foi inocentado.

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É o que conta uma mãe ao Buzzfeed. São mulheres que o procuram para um auxílio na carreira e acabam se apaixonando por Kelly. Se mudam para uma de suas casas, tem seus telefones confiscados e trocados por outro que só faz ligações para o cantor. Precisam de permissão para ir ao banheiro, tomar banho, dormir ou comer, só usam roupas largas para que outros homens não as vejam e são obrigadas a ficar de pé viradas para uma parede quando Kelly recebe amigos em casa. Não respondem à família ou aos conhecidos. Passam por uma espécie de “treinamento” sobre como se portar e como agradar o artista na cama. E as intimidades são todas filmadas e disponibilizadas aos colegas do rapper.

Além das afirmações da mãe de uma das garotas que está sob custódia de Kelly (a moça tem 21 anos e garante estar com o cantor por livre e espontânea vontade, o que impede a ação da polícia), três mulheres que estiveram no “culto” do artista e conseguiram sair deram detalhes sobre como tudo funciona.

“É como se ela tivesse passado por uma lavagem cerebral. Ela parecia uma prisioneira, foi horrível. Eu a abraçava e abraçava. Mas ela só continuava dizendo que estava apaixonada e que ele cuidava dela. Não sei o que fazer. Espero que, se eu conseguir tê-la de volta, possa levá-la a um tratamento para vítimas de cultos. Eu gostaria de ter impedido que acontecesse”, conta a mãe identificada como J. A última vez que viu sua filha foi em dezembro de 2016.

“Kelly é um mestre em controle da mente. Ele é como um mestre de marionetes”, contou Cheryl Mack, uma das moças que conseguiu sair da casa do artista. Ela explica ainda que as mulheres devem chamá-lo de “papai”. Quem desobedece as regras é punida fisicamente e verbalmente. “R. Kelly é a pessoa mais doce que você pode conhecer. Mas Robert é o demônio”, afirma Asante McGee, outra mulheres que escapou. Kitti Jones, a última das testemunhas, conta que ficou presa. “Eu escutava as pessoas dizendo que eu era uma idiota, mas eu demorei muito tempo para perceber que eles estavam certos. Eu estão falando agora porque espero poder ajudar essas meninas.”

A lei americana afirma que pessoas maiores de idade podem estar em qualquer tipo de relacionamento, desde que queiram. Por isso, a polícia não consegue fazer nada pelas garotas. Por isso, J. e o marido foram ao FBI pedir ajuda e afirmam que a agência americana está investigando o caso. Dois outros pais também estão procurando ajuda para suas filhas.

O cantor já foi questionado em várias entrevistas sobre as acusações, mas ou dá um jeito de não responder à pergunta ou apenas abandona a reportagem. A advogada de Kelly, Linda Mensch, afirma não entender porque as pessoas continuam tentando destruir a carreira de seu cliente. “Ele trabalha muito para se tornar a melhor pessoa e artista que ele pode ser. É interessante que essas histórias apareceram muitos anos atrás quando seu objetivo é parar a violência, tirar as armas, e abraçar a paz e o amor. Acho que esse é o preço da fama. Como todos nós, o senhor Kelly merece uma vida pessoal. Por favor respeite”, afirmou à matéria do Buzzfeed.

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